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05/12/2023 | 02h57 - Atualizada em 05/12/2023 | 02h57

Programa estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos é avaliado em sua execução no Pará

Reportagem: Carlos Boução

Edição: Andreza Batalha

Os sete anos da existência do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas – PPDDH no Estado do Pará foi comemorado, nesta segunda-feira (04/12), com uma sessão especial pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará, por iniciativa do deputado Carlos Bordalo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, Defesa do Consumidor, Defesa das Pessoas com Deficiência, da Mulher, da Juventude, da Pessoa Idosa e Minorias.

O programa é responsável pela proteção de testemunhas e sobreviventes de alguma categoria de crime que envolva violação, e é coordenado pela recém criada Secretária de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SIRDH), que foi originada na Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH), responsável então em 2019, cuja a atribuição foi repassada no início do segundo mandato do governador Helder Barbalho, para a nova pasta. Atualmente, há 115 defensores abrigados no programa estadual.

Programa Estadual de Proteção aos defensores de Direitos Humanos
A lei que criou o programa foi construída e aprovada na Alepa em 2017, no entanto, o programa começou existir de fato somente em 2019. "O programa tem sete anos de criação e quatro anos de execução. Atualmente, estamos em processo de conclusão da atual execução e um novo edital para escolha da entidade executora e dos novos representantes da sociedade civil para ocupar os 14 assentos no Conselho de Direitos Humanos do Estado do Pará", explicou Verena Arruda, representante da SIRDH

Uma mensagem do governador tramita na Casa de Leis modificando a legislação estadual que criou o programa, devido a reforma administrativa realizada no início da atual gestão do governo do Estado que extinguiu a secretaria de Justiça e Defesa dos Direitos Humanos, e criou duas outras em seu lugar, a de Justiça e a de Igualdade Racial e Defesa de Direitos Humanos. "Essa etapa de reformulação legislativa legaliza de forma completa o funcionamento do PPDDH e do Conselho", explicou.

Indenização pelo assassinato do advogado Gabriel Pimenta
Verena aproveitou para anunciar que o Estado do Pará, por decisão da gestão do governador Helder Barbalho, já tem dinheiro em caixa para realizar o pagamento dos 50% para a indenização pela morte de Gabriel Pimenta a seus familiares. Os outros 50% serão pagos pelo governo federal. Por este caso, o Estado Brasileiro foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por "graves falências" judiciais que resultaram na impunidade dos responsáveis pelo assassinato do advogado de 150 trabalhadores rurais morto a tiros em Marabá (PA), em 1982.

Protocolo com o CNJ e o Ministério da Cidadania e de Direitos Humanos
E explicou que para isso, será assinado um protocolo de intensões entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Ministério de Cidadania e de Direitos Humanos e o Governo do Pará, através da SEIRDH/PA para a resolutividade de 100% dos casos da Comissão e da Corte Interamericana de Direitos Humanos ocorridos no território do Estado do Pará.

O outro caso que será abrangido é o da Fazenda Princesa, onde o fazendeiro Marlon Pidde, acusado de organizar um massacre, ocorrido perto de Marabá, em 1985, de cinco trabalhadores assassinados, antes sequestrados, torturados, e seus corpos amarrados em pedras no fundo do Rio Itacaiúnas. E que somente 30 anos depois, o julgamento do principal acusado teve sua condenação: 130 anos de reclusão. No entanto, ainda responde em liberdade, recorrendo da condenação.

Diagnóstico de funcionamento e o futuros para o PPDDH/PA
Lincoln Aguiar, secretário geral do Grupo de Trabalho (GT) da Sociedade Civil, formado pelo Coletivo Marapajuba, Instituto Zé Claudio e Maria, SDDH, FETAGRI, e Terra de Direitos, apresentou na oportunidade um diagnóstico do funcionamento do PPDDH-PA. "Traçamos um diagnóstico, apresentando um documento robusto sobre essa política, trazendo ainda, avaliação e apontamentos baseados nos eixos de trabalho considerados, entre estes: Segurança Pública, Orçamento e Políticas Públicas; Entidades Executoras e demais", disse.

O presidente da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SPDDH, Marco Apolo, cobrou uma presença mais intensa da representação do Governo Federal na análise e intervenção nas politicas de proteção aos defensores de direitos humanos.

"Foi muito pouco feito pelo governo federal - que é o principal indutor de violações aos direitos humanos na Amazônia, devido às grandes obras, a falta de orçamento para combater as causas da violência; e da permissão dada aos grileiros e desmatadores estes anos todos, causando uma grande incidência de crimes sem solução e providencias", disse Apolo.

O coronel da PM, Ângelo Correa discorreu sobre a atuação do Sistema de Segurança Pública do Governo do Pará dentro do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, que atuam com medidas protetivas: mapeamento de risco, rondas e escoltas policiais. E apresentou ainda o quadro geral de defensores distribuído no espaço territorial do Pará.

Ione Nakamora, promotora de justiça agrária do Ministério Público Estadual, em sua exposição, falou da importância da existência dos defensores de Direitos Humanos no sistema democrático de direito.

O Programa têm problemas, mas, muitas vidas foram preservadas e salvas
Para o deputado Bordalo, o programa ainda tem problemas, mas, no entanto, considerou que devemos comemorar sua existência. "Nestes quatro anos, muitas vidas foram preservadas e salvas no Pará e aqui tivemos depoimentos relatando algumas situações". Na sua compreensão ainda existem tarefas a serem realizadas para um maior êxito do Programa, citando principalmente a necessidade de existir um orçamento específico. Somente para proteção policial dos abrigados pelo PPDDH foram investidos este ano, mais de R$ 8 milhões, em um esforço do governo do Pará.

O parlamentar criticou a gestão passada do governo federal, que reduziu em muito o repasse de recursos da União para o programa federal de proteção aos defensores de direitos humanos. "Se não fosse a existência do programa estadual, talvez tivéssemos perdido muitas vidas de defensores de direitos humanos no Pará", avaliou. Ele considerou como satisfatório o apoio do governo do Estado ao programa, devido os limites orçamentários e a grande demanda existente nas diversas áreas governamentais.