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8 de abril é o Dia Mundial de Combate ao Câncer
Reportagem: Dina Santos
Edição: Dina Santos
O Dia Mundial de Combate ao Câncer, comemorado no dia 8 de abril, é uma data para promover a conscientização da sociedade sobre a doença. Por causa da característica epidêmica e pelos índices crescentes de mortalidade, a ONU classifica o câncer como o principal problema de saúde pública do mundo. De modo geral, a incidência e a mortalidade por câncer vêm crescendo no planeta.
A OMS estima que até 2030 o câncer vai ultrapassar as doenças cardiovasculares e se tornar a 1ª causa de morte por doença no mundo. Uma das razões para o crescimento da incidência é o aumento da expectativa de vida da população, já que o câncer é uma doença da terceira idade.
O Radar do Câncer, feito pela ONG Oncoguia, com estimativas oficiais, aponta uma incidência de 19,3 milhões de casos no mundo, com 10 milhões de mortes (Globocan). No Brasil, a incidência é de 626 mil casos novos por ano, com 232 mil mortes (INCA). Desde que o Instituto Nacional de Câncer iniciou o monitoramento anual dos casos de câncer, no final da década de 1970, os números não pararam de aumentar.
As estatísticas preocupam e a associação direta entre câncer e morte torna-se mais forte quando a maior parte das notícias sobre o tema dão conta do diagnóstico ou da morte de alguém conhecido. São bem menos frequentes as notícias positivas sobre câncer. Uma descoberta da ciência ou uma pesquisa promissora não são noticiadas com a mesma frequência. Nem mesmo o sucesso do tratamento daquela pessoa famosa costuma ter o mesmo destaque que tem o diagnóstico, por exemplo.
"Por tudo isso, neste 8 de abril consideramos muito importante dar ênfase a aspectos positivos do câncer. Câncer tem cura, existem várias formas de prevenção e os avanços da medicina nas últimas décadas vêm salvando milhares de vidas", destaca a médica oncologista Paula Sampaio.
Avanços no tratamento - Levantamento feito pela Sociedade Americana de Câncer, que reuniu dados sobre diagnóstico, tratamento e mortalidade por câncer de 1975 até 2019, mostra o impacto dos avanços da medicina. O estudo mostra que o ano de 1991 pode ser considerado um marco. Foi nesse ano que as curvas das estatísticas começaram a mudar significativamente. Protocolos, medicamentos e recursos novos no combate ao câncer começaram a ser utilizados no início da década de 1990.
A médica explica o gráfico. "Se os Estados Unidos tivessem continuado a utilizar apenas os recursos disponíveis em 1991, 28 anos depois, em 2019, o número de mortes anuais de homens, por câncer, teria sido superior a 500 mil no País. E o número foi pouco superior a 300 mil. O de mulheres seria perto de 400 mil em 2019. Foi de menos de 280 mil. Essas estimativas são concretas. Os avanços da ciência têm salvado milhares de vidas e isso vale para o resto do mundo", explica Paula Sampaio.
"Hoje, nós utilizamos aqui em Belém o mesmo medicamento que é usado nos Estados Unidos, na Europa ou no Japão", comemora a médica.
Um exemplo é um medicamento chamado Tagrisso, indicado para um tipo de câncer de pulmão, que é o tipo que causa o maior número de mortes entre os homens e o segundo entre as mulheres, totalizando cerca de 1,59 milhões de mortes por ano no mundo.
O medicamento é o primeiro de uma nova geração de terapia-alvo voltado para a inibição específica da evolução do câncer. "Por ser tão específico, essa droga tem efetividade muito alta e poucos efeitos colaterais. Ele é direcionado especificamente para a mutação das células cancerígenas. Os pacientes que tratamos têm tolerância e resposta muito boas", explica a oncologista Paula Sampaio.
"Um paciente que se trata com esse medicamento tem hoje resultados 5 vezes melhores do que um paciente com o mesmo perfil, 3 anos atrás. É um avanço enorme em pouco tempo", comemora a médica.
Resultados - A aposentada Durvalina Martins, de 58 anos, começou a sentir dor nas costas, que ela acreditava ser causada por problemas de coluna. Em outubro de 2021, as dores se intensificaram e ela precisou ser internada. Os exames mostraram uma alteração nos pulmões e ela foi operada para a retirada de excesso de líquido, além de fazer a biópsia de um tumor pequeno. "O resultado dessa biópsia demorou um mês, e como nunca fumei e nem convivi com fumantes, tinha esperança de que não era nada grave, porque é muito difícil acordar um dia com um diagnóstico desse. É preciso muita fé e força para enfrentar o câncer", lembra Durvalina.
Com a confirmação do diagnóstico, o material coletado foi enviado aos EUA, para verificar as características do câncer de pulmão e definir o melhor protocolo de tratamento. "Foi quando os médicos decidiram utilizar o Tagrisso, e posso falar que esse é 'O' remédio para o meu câncer", afirma a aposentada.
Ela toma a medicação há três meses e praticamente não sentiu efeitos colaterais. A última tomografia feita em março mostrou uma grande regressão do tumor. "Se eu tivesse descoberto esse câncer antes da pandemia, por exemplo, o tratamento seria uma quimioterapia tradicional e não teria esse resultado, com certeza. Por isso, eu agradeço e digo sempre que precisamos confiar nos médicos, na ciência", conclui Durvalina.
Outro exemplo de ótimos resultados é um medicamento chamado Enhertu, para um tipo específico de câncer de mama, que corresponde a 20% de todos os casos. Ou seja, é um medicamento que pode ser indicado anualmente para cerca de 14 mil brasileiras, já que o número de novos casos de câncer de mama, por ano, no Brasil, é de cerca de 70 mil. "Pode-se dizer, pelos excelentes resultados, que esse medicamento representa uma revolução no tratamento do câncer de mama", comemora a oncologista Paula Sampaio.
Atuação na Alepa - Pensando no fortalecimento de políticas públicas na prevenção do câncer, várias ações foram apresentadas pelos parlamentares na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa).
Algumas dessas proposições já são realidades e beneficiam milhares de pessoas. É o caso do "Março Lilás", Lei de autoria da deputada e médica, Dra. Heloísa Guimarães (DEM), que instituiu a Campanha e a Semana Estadual de prevenção ao HPV (papiloma vírus humano) e combate ao câncer de colo do útero.
"É importante essas campanhas que marcam o Dia Mundial do câncer, porque é uma doença muito temida e nós sabemos que ela tem uma parte que pode ser hereditária e a outra parte que são fatores de vida que inclinam para o surgimento da doença, por exemplo, o câncer de pulmão é mais frequente em quem é tabagista. Já o câncer de colo de útero é mais frequente em mulheres que não fazem o preventivo ou que na adolescência não tomaram a vacina ante HPV", afirma.
O projeto inicial é de autoria da deputada Ana Cunha, e recebeu uma nova redação por meio da Dra Heloísa Guimarães, proporcionando a ampliação das ações de conscientização e prevenção durante o mês de março às mulheres paraenses.
A "Campanha Estadual de Prevenção e Combate do Câncer Colorretal" também é lei estadual. A iniciativa é da deputada Diana Belo (DC), que propõe a prevenção da doença que atinge mulheres e homens. O diagnóstico é feito através do exame FIT - Teste Imuniquímico para Pesquisa de Sangue Oculto. "Nosso objetivo é conscientizar a população sobre a importância da realização de exame, estimular ações educativas por parte dos diversos segmentos e instituições públicas, além de divulgar informações, com o intuito de reduzir suas incidências", destaca a deputada.
De autoria do deputado Martinho Carmona, a Lei nº 162/2013 instituiu o mês 'Novembro Azul', que visa ações preventivas de combate ao câncer de próstata entre homens em todo o Estado do Pará.
De acordo com a legislação, o objetivo é chamar a atenção à saúde do homem durante todo o mês, por meio de iluminação de prédios públicos na cor azul, além de incentivar atividades relacionadas ao tema, como palestras, eventos e outros.
Outra proposição é de iniciativa do deputado Dr Wanderlan Quaresma, autor do Projeto de Lei 149/2016, que institui o Dia Estadual do Paciente Oncológico, que propõe a realização de atividades como palestras, seminários, debates e campanhas de conscientização e outras ações relacionadas à doença.
A proposição deu origem à Lei Estadual 8.803/2018, que vem fortalecendo ações de divulgação sobre os cuidados e deveres dos pacientes. "O projeto é importante para elevar a consciência sobre a importância do processo de integração desses pacientes e a possiblidade de diminuir os casos da doença", justifica o deputado.
O presidente da Comissão de Saúde do Legislativo Estadual, deputado Jaques Neves, também tem se preocupado em propor melhorias para os pacientes com câncer.
A preocupação do deputado é sobre as condições de diagnóstico precoce e tratamento, que necessita ser ampliado para que as unidades regionais possam garantir à população o acesso aos serviços.
"A maioria dos pacientes que chegam ao Ophir Loyola, já chegam num estado avançado da doença, por isso a minha preocupação em descentralizar o atendimento e a minha sugestão é que os Hospitais Regionais façam o diagnóstico e tratamento daquilo que é possível", destacou o Dr. Jaques.
O Hospital Ophir Loyola é referência no tratamento do câncer no Pará e possui Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON), possibilitando aos pacientes realizar o tratamento completo, desde os primeiros diagnósticos, como exames de imagem, quimioterapia, radioterapia e cirurgias.
Prevenção - "No Brasil, temos um motivo muito claro para o crescimento da incidência e da mortalidade, que é o baixo investimento em prevenção. Em 2019, mais de 90% dos países de alta renda relataram que serviços abrangentes de tratamento para câncer estavam disponíveis no sistema público de saúde. No grupo dos países de baixa renda apenas 15% declararam essa condição, segundo levantamento feito pela OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde", compara a médica.
"Quando falamos em prevenção, é sempre bom lembrar que existem 2 tipos. O primeiro tipo é o que chamamos de prevenção primária, que significa ter um estilo de vida saudável. Se alimentar bem, praticar exercícios físicos regularmente, não fumar, controlar o peso corporal e o consumo de bebida alcoólica, dormir bem e se proteger do sol resume bem o que é um estilo de vida saudável. Esse tipo de prevenção pode evitar cerca de 30% dos cânceres, que são aqueles diretamente relacionados com os nossos hábitos", enumera Paula Sampaio. "O segundo tipo de prevenção é a secundária, que são medidas que devem ser tomadas para assegurar o diagnóstico precoce. Essas medidas não evitam o câncer, mas, atenção, salvam vidas. Exemplo de prevenção secundária: todas as mulheres, a partir dos 40 anos, devem ter anualmente uma consulta com um especialista e fazer o exame de mamografia com o objetivo de detectar precocemente o câncer de mama. Quando o câncer é descoberto no início, as chances de cura são superiores a 90%", finaliza Paula Sampaio.