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A Revolução de 30 no Pará e a Interventoria de Magalhães Barata
Reportagem: Dina Santos
Edição: Dina Santos
O Governo Provisório de Getúlio Vargas, iniciado em 3 de novembro de 1930, marcou também o começo de uma relação de poder similar no estado do Pará, materializada na figura de Joaquim de Magalhães Cardoso Barata. O estado teve vários administradores no período em que Vargas esteve no poder totalitário do Brasil, mas coube a Magalhães Barata duas passagens no poder em território paraense durante o período de intervenções federais.
A primeira interventoria foi de 1930 a 1935. O primeiro teste eleitoral de Barata aconteceu na eleição constituinte de 1933, quando Barata e seu grupo fundaram o Partido Liberal. O Interventor ficou como chefe único da máquina administrativa do Estado e seu aliado de primeira hora Abel Chermont, escolhido presidente do Partido, ficou na chefia política. O PL contava com a adesão de todos os prefeitos municipais nomeados pelo interventor, que garantiram a estruturação municipal deste partido. O reflexo dessa articulação política garantiu que o PL elegesse todos os deputados Federais constituintes.
Eleições parlamentares - Em 1934 ocorreram as eleições parlamentares estaduais, consideradas as mais importantes eleições pós revolução de 1930 no Pará, porque os deputados Estaduais eleitos escolheriam de forma indireta o novo governador do Pará e dois Senadores.
Além dos Deputados Estaduais, seriam eleitos os novos Deputados Federais. O resultado eleitoral confirmou a supremacia do Partido Liberal, que fez sete dos nove deputados Federais e 21 dos 30 deputados Estaduais.
Com esse resultado, 2/3 das vagas para a Assembleia Legislativa foram conquistadas pelo PL. Os deputados eleitos apresentaram à população um manifesto público se comprometendo a votarem no nome de Barata caso fossem eleitos, o que dava a impressão de uma situação política definida a favor de Magalhães Barata. Porém às vésperas da eleição legislativa para governador, ocorreu aquilo que ficaria conhecida como a famosa dissidência do PL, levando Magalhães Barata à derrota.
No dia 4 de abril de 1935, o presidente da Assembleia Legislativa, Dr. Ápio Medrado, fiel ao interventor Barata, convocou 3 suplentes, garantiu quórum à Assembleia Legislativa e elegeu Barata Governador por maioria absoluto dos votos, empossando-o imediatamente. No dia 5 de abril, a nova maioria de deputados munidos de habeas corpus e conduzidos pelo Desembargador Dantas Cavalcante seguiu para o prédio da Assembleia Legislativa, porém não chegou ao destino devido a um intenso tiroteio seguido de mortos e feridos ter ocorrido a caminho da Assembleia Legislativa. Tudo isso acompanhado de uma imensa turba gritando "traidores".
Estes fatos repercutiram intensamente no cenário político nacional. Após perder a eleição, Magalhães Barata foi retirado do governo por determinação de Getúlio Vargas, do cargo de interventor do Pará, substituído por José Carneiro da Gama Malcher.
Fechamento do Parlamento paraense - No dia 10 de novembro de 1937, o Presidente Getúlio Vargas decretou, através de uma cadeia de rádio para todo o País, a vigência do Estado Novo. Em nome da segurança nacional e da nova ordem, foram dissolvidos o Congresso Nacional, os Legislativos estaduais e municipais, os partidos políticos, suspensas as eleições e estabelecido o mandato de seis anos para a continuidade do Presidente Getúlio Vargas.
Barata, outra vez - Com a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial e a "Batalha da Borracha", Magalhães Barata voltou a Belém para ocupar a 2ª Interventoria, que se encerrou em 1945, com a redemocratização, e posteriormente, foi eleito senador, em 1945.
Na década de 1950 concorreu ao governo do Estado do Pará sendo derrotado por Zacarias de Assunção e, em 1955, foi eleito governador. Seu governo é interrompido com sua morte, em 29 de maio de 1959.
Com a morte de Magalhães Barata, o PSD conseguiu articular na Assembléia Legislativa a criação do cargo de vice-governador (que então não existia) e a eleição, por via indireta, de Moura Carvalho, o mais fiel dos baratistas. Ao mesmo tempo, já vinha sendo preparado para a eleição do ano seguinte o senador Lameira Bittencourt, outro dos mais fiéis seguidores de Barata. Poucos meses depois da morte de barata, deu-se a morte repentina de Lameira Bittencourt.