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04/02/2022 | 14h25 - Atualizada em 04/02/2022 | 14h57

Combate ao Câncer é destaque na Alepa

Reportagem: Mara Barcellos

Edição: Dina Santos

O Dia Mundial do Câncer, comemorado no dia 4 de fevereiro, é uma data para promover a conscientização da sociedade sobre a doença. De acordo com o INCA o câncer é o principal problema de saúde pública do mundo. De modo geral, a incidência e a mortalidade por câncer vêm crescendo no planeta.

Segundo um estudo inédito da Varian Medical Systems, empresa de softwares e equipamentos para tratamentos oncológicos, em parceria com a The Economist Intelligence Unit (EIU), o Brasil tem uma taxa de mortalidade de câncer de 91 a cada 100 mil habitantes, mais alta que a média da América Latina, que é de 87.

Atuação na Alepa

Pensando no fortalecimento de políticas públicas na prevenção do câncer, várias ações foram apresentadas pelos parlamentares na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa).  

Algumas dessas proposições já são realidades e beneficiam milhares de pessoas. É o caso do “Março Lilás”, Lei de autoria da deputada e médica, Dra. Heloísa Guimarães (DEM), que instituiu a Campanha e a Semana Estadual de prevenção ao HPV (papiloma vírus humano) e combate ao câncer de colo do útero.

Deputada Heloísa Guimarães Heloísa Guimarães destaca a importância da data como instrumento de conscientização.

“É importante essas campanhas que marcam o Dia Mundial do câncer, porque é uma doença muito temida e nós sabemos que ela tem uma parte que pode ser hereditária e a outra parte que são fatores de vida que inclinam para o surgimento da doença, por exemplo, o câncer de pulmão é mais frequente em quem é tabagista. Já o câncer de colo de útero é mais frequente em mulheres que não fazem o preventivo ou que na adolescência não tomaram a vacina ante HPV”, afirma.

O projeto inicial é de autoria da deputada Ana Cunha, e recebeu uma nova redação por meio da Dra Heloísa Guimarães, proporcionando a ampliação das ações de conscientização e prevenção durante o mês de março às mulheres paraenses.

Deputada Ana Cunha

A “Campanha Estadual de Prevenção e Combate do Câncer Colorretal” também é lei estadual.  A iniciativa é da deputada Diana Belo (DC), que propõe a prevenção da doença que atinge mulheres e homens. O diagnóstico é feito através do exame FIT - Teste Imuniquímico para Pesquisa de Sangue Oculto.

Deputada Diana Belo

“Nosso objetivo é conscientizar a população sobre a importância da realização de exame, estimular ações educativas por parte dos diversos segmentos e instituições públicas, além de divulgar informações, com o intuito de reduzir suas incidências", destaca a deputada.

De autoria do deputado Martinho Carmona, a Lei nº 162/2013 instituiu o mês 'Novembro Azul', que visa ações preventivas de combate ao câncer de próstata entre homens em todo o Estado do Pará.

Deputado Martinho Carmona

De acordo com a legislação, o objetivo é chamar a atenção à saúde do homem durante todo o mês, por meio de iluminação de prédios públicos na cor azul, além de incentivar atividades relacionadas ao tema, como palestras, eventos e outros.

Outra proposição é de iniciativa do deputado Dr Wanderlan Quaresma, autor do Projeto de Lei 149/2016, que institui o Dia Estadual do Paciente Oncológico, que propõe a realização de atividades como palestras, seminários, debates e campanhas de conscientização e outras ações relacionadas à doença.     

A proposição deu origem à Lei Estadual 8.803/2018, que vem fortalecendo ações de divulgação sobre os cuidados e deveres dos pacientes.

“O projeto é importante para elevar a consciência sobre a importância do processo de integração desses pacientes e a possiblidade de diminuir os casos da doença”, justifica o deputado.   

O presidente da Comissão de Saúde do Legislativo Estadual, deputado Jaques Neves, também tem se preocupado em propor melhorias para os pacientes com câncer.  

No último dia 31 de janeiro, o parlamentar visitou o Hospital Ophir Loyola e reuniu com a diretora-geral Ivete Vaz para tratar sobre a descentralização dos serviços oncológicos no estado.

Deputado Jaques Neves visita hospital Ophir Loyola

A preocupação do deputado é sobre as condições de diagnóstico precoce e tratamento, que necessita ser ampliado para que as unidades regionais possam garantir à população o acesso aos serviços.

"A maioria dos pacientes que chegam ao Ophir Loyola, já chegam num estado avançado da doença, por isso a minha preocupação em descentralizar o atendimento e a minha sugestão é que os Hospitais Regionais façam o diagnóstico e tratamento daquilo que é possível", destacou o Dr. Jaques.

O Hospital Ophir Loyola é referência no tratamento do câncer no Pará e possui Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON), possibilitando aos pacientes realizar o tratamento completo, desde os primeiros diagnósticos, como exames de imagem, quimioterapia, radioterapia e cirurgias.

Números

Segundo o INCA, no período de 2020 a 2022, o Brasil terá 1.875.000 novos casos de câncer. Ou seja, só em 2022, sem considerar a subnotificação, a incidência da doença no País será de aproximadamente 625 mil novos casos (considerando a subnotificação estimada, seriam 685 mil).

“No Brasil, temos um motivo muito claro para o crescimento da incidência e da mortalidade, que é o baixo investimento em prevenção. Em 2019, mais de 90% dos países de alta renda relataram que serviços abrangentes de tratamento para câncer estavam disponíveis no sistema público de saúde. No grupo dos países de baixa renda apenas 15% declararam essa condição, segundo levantamento feito pela OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde”, compara a médica oncologista Paula Sampaio.

“Quando falamos em prevenção, é sempre bom lembrar que existem 2 tipos. O primeiro tipo é o que chamamos de prevenção primária, que significa ter um estilo de vida saudável. Se alimentar bem, praticar exercícios físicos regularmente, não fumar, controlar o peso corporal e o consumo de bebida alcoólica, dormir bem e se proteger do sol resume bem o que é um estilo de vida saudável. Esse tipo de prevenção pode evitar cerca de 30% dos cânceres, que são aqueles diretamente relacionados com os nossos hábitos. O segundo tipo de prevenção é a secundária, que são medidas que devem ser tomadas para assegurar o diagnóstico precoce. Essas medidas não evitam o câncer, mas, atenção, salvam vidas. Exemplo de prevenção secundária: todas as mulheres, a partir dos 40 anos, devem ter anualmente uma consulta com um especialista e fazer o exame de mamografia com o objetivo de detectar precocemente o câncer de mama. Quando o câncer é descoberto no início, as chances de cura são superiores a 90%”, explica Paula Sampaio.

Oncologista Paula Sampaio

A Data

Dia Mundial do Câncer - O Dia Mundial do Câncer foi criado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC) em apoio aos objetivos da Declaração Mundial do Câncer, lançada em 2008. A cada 4 de fevereiro, um esforço coletivo e mundial é realizado para conscientizar a população e as autoridades sobre a prevenção e o controle da doença, com o objetivo de diminuir o número de mortes causadas pela doença.

Avanços no tratamento – medicina de precisão.

“As terapias mais modernas de combate ao câncer, quando não oferecem a cura ou remissão da doença, aumentam a sobrevida a ponto de o câncer virar uma doença crônica, em que o paciente, medicado, leva uma vida normal. Temos experimentado avanços importantes na oncologia nos últimos 5 anos. Tratamentos com melhores resultados e menos efeitos colaterais”, comemora a oncologista.

Imunoterapia - Eleita pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) como o maior avanço contra o câncer nos 5 últimos anos, a imunoterapia, mais especificamente em sua forma mais recente, a imunomodulação aplicada à oncologia, é um tratamento inovador, que ainda está em desenvolvimento.

A terapia consiste na modulação (ou regulação) do sistema imunológico para potencializar a capacidade do corpo de enfrentar enfermidades. Isso é possível através do uso de substâncias que estimulam as defesas naturais do corpo de uma forma geral e/ou ajudam a identificar as células cancerígenas e a reagir contra elas.

A nova imunoterapia - ou imunomodulação - está construindo um novo ramo na oncologia, ensinando o corpo a identificar essas células como ameaças ou ainda fornecendo mecanismos mais eficazes para combatê-las. Além disso, ela pode ser associada com as formas de tratamento já empregadas, como as terapias-alvo, quimioterapias e radioterapia.

Terapia alvo - Baseada em medicamentos desenvolvidos para agir sobre alterações genéticas específicas, a Terapia Alvo-Molecular tem se consolidado como um tratamento que representa um grande avanço em relação à quimioterapia.

A partir de testes moleculares realizados no tumor, é possível conhecer em detalhe as alterações bioquímicas, o que permite o uso de drogas com atuação voltada para a mutação identificada.

“É uma mudança de paradigma. Antes se recomendava a mesma quimioterapia para um mesmo tipo de câncer. Hoje, a tendência é uma abordagem individualizada. O resultado disso pode ser visto nos casos em que há mutação genética, pois o uso desses medicamentos dobra a duração da resposta, ou seja, o tempo em que o tumor é controlado”, explica a médica.

Na terapia-alvo, administrada via oral (comprimidos ou cápsulas) ou intravenosa, as substâncias desenvolvidas para identificar as células cancerígenas bloqueiam a expansão e o alastramento do câncer.  É um tratamento menos danoso às células saudáveis, entretanto, sua indicação depende das características do tumor e das condições clínicas do paciente. A terapia-alvo também pode ser combinada com outros tratamentos, como a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia.

Oncogenética - Vinte anos atrás, testes de DNA, estudos de genômica e sequenciamento genético faziam parte de um futuro que parecia distante. O mapeamento do Genoma Humano, em 2003, provocou uma revolução do conhecimento biológico e as descobertas decorrentes possibilitaram entender, entre tantas coisas, a origem dos tumores.

Com o diagnóstico genético, o médico pode adotar medidas mais adequadas para o paciente, implementando, quando possível, medidas que previnem o câncer ou que favorecem o diagnóstico mais precoce.

Além disso, a área de testes genéticos tem avançado também em outros aspectos. Há grandes avanços na identificação de novos genes de predisposição e na caracterização de novas síndromes de predisposição ao câncer. Esses indicadores são gerados em pesquisas e organizados em bancos de dados. De forma simplificada, esse conhecimento gera subsídios para desenhar terapias com o intuito de bloquear, por exemplo, os genes ativados no tumor.

Reportagem Mara Barcelos e Dina Santos.