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24/04/2025 | 15h04 - Atualizada em 24/04/2025 | 15h04

Audiência Pública na Alepa cobra esclarecimentos da Funai sobre terras indígenas

Reportagem: Dina Santos- AID - Comunicação Social

Edição: Dina Santos- AID - Comunicação Social

Crédito: Balthazar Costa (AID/ALEPA)
Uma Audiência Pública reuniu, nesta quarta-feira (23), na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), representantes dos governos estadual e federal que atuam nas questões indígenas, fundiárias e ambientais, além de entidades rurais para debater os Impactos Jurídicos e Sociais das Ações Judiciais da Funai para Declaração de Terras Indígenas do Estado do Pará. Solicitada pelo deputado estadual Torrinho Torres, do MDB, a reunião teve como objetivo buscar esclarecimentos e soluções para a insegurança jurídica vivida por produtores rurais que possuem terras declaradas áreas de interesse para demarcação de terras indígenas (TIs) por parte da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Estiveram presentes no auditório João Batista os deputados Eraldo Pimenta; Maria do Carmo; Aveilton Souza; Iran Lima; Wescley Tomaz; Dirceu Ten Caten; o deputado federal Airton Faleiro; representantes da Funai; Defensoria Pública e Ministério Público do Pará; Procuradoria-Geral do Estado; e ITERPA; além da sociedade civil organizada.

Crédito: Balthazar Costa (AID/ALEPA)
O deputado Eraldo Pimenta, presidente da Comissão de Constituição e Justiça e Redação Final da Alepa,  destacou que o debate tinha por finalidade debater sobre os direitos dos povos indígenas, a fim de tornar mais transparente o processo de forma que não prejudique os trabalhadores do campo. “Temos uma onda de boatos e divulgações de listas não oficiais de áreas que estariam sendo estudadas pela Funai, o que tira a tranquilidade dos pequenos agricultores”, lamentou o parlamentar. “Esta situação aflige as famílias e precisamos discutir esse problema”.

“O Pará precisa produzir, queremos que a população do campo tenha autonomia em suas terras. Não queremos usurpar os direitos dos indígenas, mas também queremos ter segurança para decidir sobre como produzir em nossas terras”, avaliou o proponente da Audiência Pública, deputado Torrinho Torres. “Para garantir um direito não se pode aniquilar outros, não pode virar razão de insegurança jurídica de milhares”, disse o deputado. “O povo do campo está aflito, sem saber se o pedaço de terra onde sempre viveram continuará sendo seu”, acrescentou.

Crédito: Balthazar Costa (AID/ALEPA)
Segundo Torrinho, 24,5% do território paraense é formado por terras indígenas e é necessário que essas áreas coexistam com a produção agrícola. Ele enumera mais de 45 municípios alvos de boatos, com áreas supostamente reivindicadas como áreas indígenas, sem respaldo legal. “Isso causa pânico, desvalorização de terras e insegurança jurídica. Por isso esta Audiência Pública é tão importante, não para confrontar, mas para esclarecer e dar voz a todos os que constroem o Pará: indígenas, agricultores, pecuaristas, assentados”, concluiu.

Crédito: Balthazar Costa (AID/ALEPA)
O deputado Aveílton Souza cobrou um posicionamento: “A Funai deve esclarecer como se dá essa declaração de interesse e que processos devem ser encaminhados”, disse. “Quando glebas públicas federais são colocadas como interesses indígenas por parte da Funai, mas nunca se resolve se vira TI ou não, fica o produtor preso nesse meio tempo esperando. Aí não consegue regularizar o terreno, não consegue pegar empréstimo ou ter vida normal, porque amanhã pode ter processo de desintrusão”, explicou.

Crédito: Balthazar Costa (AID/ALEPA)
A vice-líder do governo e presidente da Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Desenvolvimento Sustentável da Alepa, deputada Maria do Carmo (PT), sugeriu mais integração entre os órgãos envolvidos. “Temos interesse na regularização fundiária no Pará, mas deve haver parceria entre as instituições para não ocorrer sobreposição de interesses”. 

Para o presidente do Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Bruno Kono, “é importante tratar o assunto de forma a tirar dúvidas e resolver inseguranças. A capacidade de ordenar atores no espaço físico exige conciliação e entendimento. E só funciona com informações qualificadas. É complexo começar um processo de regularização fundiária sem qualquer impedimento, seja pelo Incra - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ou pela Funai, e ter que parar porque vem ato extramuros e paralisa o processo por tempo indeterminado. Tem que haver compartilhamento de informações”, detalhou o gestor.

Crédito: Balthazar Costa (AID/ALEPA)
Bruno Kono lembrou que o Pará é um dos estados que mais emitiu títulos coletivos de terra para comunidades tradicionais. Em seis anos, o Iterpa já concedeu cerca de 37 mil títulos de terra. “A questão dos povos indígenas não significa tirar direitos de outras parcelas da população, mas é papel da Funai defender os interesses e  direitos indígenas. Mas é claro que não é de interesse de ninguém criar instabilidade ou insegurança jurídica”, afiançou Janete Carvalho, diretora da Funai.

Entre as áreas que têm causado preocupação aos moradores do Pará está a Gleba Federal Rural Água Limpa, localizada no município de Medicilândia. A Funai manifestou interesse na porção territorial que se sobrepõe integralmente à Terra Indígena (TI) Arara, uma área localizada dentro do território regularizado, de ocupação tradicional do povo Arara do Pará, e não de área limítrofe à TI, como foi divulgado de forma equivocada.

A Funai já manifestou interesse em outras áreas que se sobrepõem em terras indígenas regularizadas, de forma que essas glebas federais rurais devem ter seus limites ajustados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Glebas públicas são terrenos que pertencem ao Estado e que não foram objeto de parcelamento aprovado ou regularizado e registrado em cartório. Trata-se, portanto, de uma área pública que pode ser destinada a terras indígenas, unidades de conservação, territórios quilombolas, entre outros.

Crédito: Balthazar Costa (AID/ALEPA)

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