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Notícia FRTPA
Entrevista exclusiva na Rádio Alepa FM com o professor Elias, filho do sindicalista Virgílio Sacramento, morto durante a ditadura militar
Reportagem: Shirley Castilho- FRTPA - Comunicação
Edição: Angelina Anjos Cavalero- FRTPA - Comunicação
Ele tinha apenas 12 anos quando perdeu o pai, mas registrou todo o terror da época. O pai era um ativista social, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Moju e representante na Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará. Na Central Única dos Trabalhadores (CUT) ocupou o cargo de tesoureiro e foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1986 disputou as eleições como suplente de senador.
O ativista social Virgílio Serrão Sacramento foi atropelado no dia 05 de abril de 1987 por um caminhão no município de Moju e perdeu a vida aos 44 anos. Na época disseram que foi acidente, mas todos sabiam que foi uma execução. ‘’Para os movimentos sociais, foi certamente um crime planejado porque estava clara a intenção do veículo, além de fontes que testemunharam que foi uma morte proposital’’, disse o professor.
No Pará, os conflitos agrários durante a ditadura militar foram intensos e envolveram trabalhadores rurais e empresários apoiados pelo Estado, que registrou o maior número de conflitos agrários do país.
O combate a expropriação de terras era uma das bandeiras de Virgílio, que fez muitas denúncias sem obter respostas.
Foram documentados assassinatos de trabalhadores rurais, advogados, lideranças sindicais e religiosas e, nessa época, foram criadas organizações como o Comando Democrático Cristão, que congregava fazendeiros, pistoleiros e membros da Polícia Militar e Civil.
O incentivo desmedido da agroindústria, em detrimento da agricultura familiar, gerou várias manifestações e foi dentro dessa trama que Virgílio se envolveu e caiu numa emboscada, arquitetada para ser tida como um acidente, mas as evidências desmentiram os fatos e ele entrou na estatística dos mortos durante a ditadura militar. ‘’Meu pai figura em vários documentos como sendo um morto político da ditadura’’, se emocionou Elias.
O professor Elias, doutor em História, luta para manter viva a memória do pai, Ele pesquisa sobre as histórias de luta no campo no interior do Pará na década de 1980 e confessou que foi criando esse amor pela história do pai, da luta pela terra em Moju e movimentos sociais.
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