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06/01/2025 | 14h36 - Atualizada em 07/01/2025 | 10h46

190 anos da Cabanagem

Reportagem: Carlos Boução- AID - Comunicação Social

Edição: Dina Santos- AID - Comunicação Social

A Cabanagem, ou Guerra dos Cabanos, foi uma revolta popular ocorrida na província do Grão-Pará, iniciada em 6 de janeiro de 1835. Na ocasião, a sede governamental, localizada em Belém do Pará, foi tomada pelos revoltosos, e um novo presidente, o militar Félix Clemente Malcher, foi instituído. A Cabanagem foi, sem dúvida, a única revolta popular em que os revoltosos assumiram o poder político e a gestão da província.


Naquela época, a província do Grão-Pará era comumente chamada de Pará, cujo significado no tupi-guarani é “rio-mar” ou “rio grande”. A província era uma unidade administrativa originada das capitanias do Grão-Pará e do Rio Negro, que existiu de 1821 a 1889, abrangendo o final do período colonial e o período imperial brasileiro. Inicialmente, os portugueses chamaram o território de “Terra de Feliz Lusitânia”, nome que logo foi substituído por Grão-Pará. No período imperial, passou a se chamar apenas Pará, em 1889.


O movimento cabano envolveu diferentes setores da sociedade: a elite, formada por fazendeiros e comerciantes interessados em garantir o poder político da província e preservar seus interesses, que acreditavam ameaçados desde a Independência; e a população pobre, que se rebelou contra a violência e as condições de trabalho, muitas vezes semelhantes à escravidão.

Fases da Cabanagem

A revolta se estendeu até 1840. Após a presidência de Malcher, marcada por divergências internas que levaram à sua deposição e posterior execução pelos próprios cabanos, mais dois presidentes cabanos assumiram o poder, enfrentando intensos conflitos com as tropas imperiais.


Francisco Vinagre assumiu o controle após Malcher, mas sua liderança foi curta devido a conflitos internos e descontentamentos. Em julho de 1835, aceitou render-se mediante a promessa de anistia geral aos revolucionários e melhorias nas condições de vida da população carente. Contudo, foi traído e preso.


Antônio Vinagre, inconformado com a traição, reorganizou as forças militares da Cabanagem e retomou o Palácio de Belém em 14 de agosto de 1835. Na ocasião, Eduardo Angelim foi nomeado presidente de um governo republicano independente. Angelim destacou-se por sua persistência e resistência, mesmo diante das adversidades e da intensa repressão imperial.


O Fim da Revolta

As divergências entre as lideranças enfraqueceram os revoltosos, facilitando os contra-ataques imperiais. Em 1836, a mando do regente Feijó, o brigadeiro Francisco José de Sousa Soares de Andréa ordenou o bombardeio de Belém e dos assentamentos cabanos.


Com o auxílio de mercenários estrangeiros e soldados imperiais, a revolta foi sufocada. Eduardo Angelim foi capturado e enviado ao Rio de Janeiro. Até 1840, a maioria dos revoltosos já havia se dispersado ou sido presa e morta em decorrência das perseguições, que continuaram mesmo após 1836. Com a ascensão de Dom Pedro II ao trono, em 1840, os prisioneiros foram finalmente anistiados.



Palácio Cabanagem, Sede do Poder Legislativo do Pará

A atual sede do Poder Legislativo do Estado do Pará foi inaugurada em 30 de novembro de 1970, durante a gestão do Dr. João Renato Franco, então vice-governador. O prédio foi construído com recursos do Poder Executivo Estadual, no primeiro governo do tenente-coronel Alacid da Silva Nunes (1966-1971).


A denominação “Palácio Cabanagem” decorreu de uma emenda substitutiva do deputado Carlos Vinagre (MDB) ao projeto de resolução do deputado Lauro Sabbá (ARENA), que inicialmente pretendia nomear a sede do parlamento paraense como “Palácio Ruy Barbosa”.


Cabanagem: Belém, a Cidade que Pegou Fogo

No Palácio Cabanagem, há um grande painel em homenagem à Revolta da Cabanagem. A obra foi realizada em 1974 pelo pintor Benedicto Mello (1925-2004) para decorar o plenário Newton Miranda, da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA). Solicitada pelo deputado Gerson Peres (ARENA), então presidente do Poder Legislativo Estadual, a tela representa a “Belém Cabana”, descrita pelo pintor como “a cidade que pegou fogo”.

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