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Alepa tem programação especial sobre o Dia Mundial do Autismo, no Abril Azul
Reportagem: Dina Santos - AID - Comunicação Social
Edição: Dina Santos - AID - Comunicação Social
Uma em cada 36 crianças de até 8 anos foram diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em 2020. O número foi revelado no último levantamento feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência norte-americana referência mundial para aferição de autismo. Como forma de sensibilizar a população brasileira sobre o crescimento progressivo dos diagnósticos, foi criada uma campanha de conscientização sobre o TEA, o Abril Azul, que teve uma programação especial na Assembleia Legislativa do Pará nesta segunda-feira (1º).
Realizada no auditório João Batista, a Sessão Especial marcou o Dia Mundial do Autismo, comemorado no dia 2 de abril. A data foi definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2008. A sessão foi solicitada pelo deputado Fábio Freitas com o objetivo de proporcionar um espaço de discussão e debate acerca dos desafios cotidianos enfrentados pelas pessoas com TEA e suas famílias.
“As pessoas que lutam por essa causa tão nobre no nosso Pará estão de parabéns”, afirmou o deputado, na abertura da Sessão. “O Dia Mundial do Autismo é uma data importante para a promoção de políticas públicas voltadas para quem tem TEA. Todos nós devemos compreender que autismo não é uma restrição ou uma deficiência, é uma condição de diversidade que deve ser respeitada. Nossos meninos e meninas que têm TEA têm superpoderes e tenho trabalhado para levar essa conscientização por onde ando no estado”, destacou Fábio Freitas.
Alana Trzeciak, representante da Associação TEAs do Xingu, detalhou o trabalho realizado em 10 municípios da região, e cobrou dos gestores públicos a descentralização de serviços para atender crianças com a condição. “Precisamos da implantação de centros de atendimento de TEAS nos dez municípios do Xingu e no Pará todo, e a melhoria na qualidade de ensino para essas crianças no interior do estado”, diz Alana. “Tem palavras que machucam e doem, mas não devemos ouvir. Temos que focar nas pessoas com o transtorno que precisam de inclusão e dignidade”, avaliou.
A procuradora municipal Bárbara Cosi deu um depoimento inspirador. Diagnosticada com TEA aos 30 anos, ela lembra que na infância sempre foi considerada estranha, diferente, mas na época não havia informação sobre o autismo e diagnósticos eram difíceis. “Fico feliz em ver tantas mães nessa luta. Sou uma gota de água no oceano da inclusão, mas não sou nada comparada a essas mães que se dedicam, como a minha mãe fez, a dar condições para as crianças – seus filhos – desenvolverem seu potencial e torná-las pessoas funcionais”, afirmou.
O deputado Fábio Figueiras se emocionou ao falar da filha, que tem o transtorno do espectro autista leve, nível 1. "Foi difícil aceitar o diagnóstico, como acontece com qualquer família. Por isso, precisamos trabalhar para garantir uma vida melhor para essas crianças. Mas o avanço não é físico ou estrutural, é na cabeça das pessoas, para que sejam mais conscientes e não julguem ou discriminem”, alertou o deputado.
O parlamentar destacou que a Alepa tem mais de 20 Projetos de Lei apresentados e aprovados que trouxeram avanços significativos na área da saúde, principalmente, mas é preciso avançar na educação. “Tem a questão dos assistentes dos professores, tão necessários. Mas não é possível colocar em sala de aula qualquer pessoa, sem qualificação para atender essas crianças. Não existe inclusão se não houver como incluir, não basta só matricular as crianças com TEA nas escolas, sem as condições necessárias”, avaliou.
A coordenadora de Políticas para TEAs no Pará, Nayara Barbalho, ressaltou a importância de reconhecer e incentivar o trabalho da sociedade civil organizada na conscientização sobre o autismo e na luta pelos direitos das crianças com o transtorno. “Se não fossem vocês, familiares e amigos que trabalham arduamente, não conseguiríamos avançar mais em todo o nosso estado, nos municípios do interior, com os serviços que precisamos garantir a essa população”, avaliou.
Durante a Sessão, cerca de 100 pessoas e instituições que atuam na defesa dos direitos das pessoas com TEA foram homenageadas com certificados de reconhecimento do mérito.
Autismo
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento presente desde o nascimento ou começo da infância e que acompanha a pessoa por todas as etapas da vida. Diferentemente da síndrome de Down, pessoas com TEA geralmente não possuem características identificáveis apenas visualmente.
Pessoas com essa condição podem apresentar déficit na comunicação ou interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais. Todos as pessoas com TEA partilham estas dificuldades, mas cada uma delas será afetada em intensidades diferentes.
O que causa o autismo?
O autismo está naquele grupo de transtornos cuja origem é complexa e multifacetada. Entre os especialistas, não há dúvidas de que a genética tem influência nesse quadro, mas não existe um único gene responsável pelo autismo. São alterações em diferentes trechos do DNA que podem levar ao desenvolvimento do transtorno.
As mudanças no genoma não explicam 100% dos casos. É aí que entram os fatores ambientais, principalmente aqueles que acontecem durante os nove meses de gestação. Por exemplo: filhos de pais ou mães mais velhos, que já passaram dos 35 anos de idade no momento da concepção, têm um risco maior de apresentar a condição.
É importante lembrar que autismo não é algo que se adquire: a pessoa já nasce com o transtorno e, desde os primeiros meses de vida, apresenta padrões que podem levantar a suspeita e a necessidade de uma avaliação médica.
Estatísticas no Brasil
O país não tem um número oficial a respeito do autismo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que há cerca de 2 milhões de autistas no Brasil, ou seja, 10% da população estaria no espectro. O aumento da prevalência de autismo a cada ano, ocorre, em parte, devido à ampliação do acesso a diagnóstico.
A crescente discussão em torno do Transtorno do Espectro Autista tem despertado um interesse cada vez maior na sociedade. Por muito tempo, o TEA foi erroneamente associado apenas à infância. Contudo, com a disseminação de informações sobre o transtorno, esse cenário tem passado por transformações significativas. Apesar de frequentemente detectado nos primeiros anos de vida, tem sido observado um aumento notável em diagnósticos tardios, especialmente entre adolescentes e adultos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que aproximadamente 70 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com TEA. Apesar dos avanços no entendimento desse transtorno, a falta de informações precisas ainda representa uma barreira significativa para a inclusão efetiva de indivíduos no espectro autista na sociedade.