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13/01/2023 | 14h26 - Atualizada em 13/01/2023 | 15h54

Amigos e colegas de trabalho da Alepa homenageiam Afonso Gallindo após sua partida

Reportagem: Natália Mello

Edição: Dina Santos

Que a comunicação e o audiovisual paraense tiveram uma grande perda na última quarta-feira (11), com a triste partida do jornalista e cineasta Afonso Gallindo, toda a cidade já sabe. Afinal, o falecimento de Afonso foi repercutido por comunicadores de todos os meios de Belém e do Estado. Entretanto, dentro da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), fica um grande vazio e silêncio para os amigos que puderam compartilhar um pouco da rotina e brilhantismo em sete anos que ele passou na Casa.

Aos 53 anos, teve a vida interrompida por um linfoma, câncer que afeta os linfócitos, células de defesa. Muito amado e admirado por onde passava. O silêncio serve, por outro lado, até para que se possa escutar um pouco a voz deste servidor e, assim, reverberar as boas energias que ele emanava quando passava pelos corredores da Alepa. Por isso, tantas homenagens.Deputado Chicão, Presidente da Alepa

O presidente da Alepa, deputado Chicão, diz que teve a oportunidade de conhecer o Afonso, especialmente, nesses últimos dois anos, enquanto presidente. "Além de profissional incrível, sempre disposto e disponível, era um ser humano do bem, que fará muita falta no nosso convívio. Que a alma dele descanse sabendo que nós, dessa casa legislativa, manteremos sua memória viva, principalmente no setor da comunicação, onde ele trabalhou incansavelmente por avanços", declarou.

Para a coordenadora de comunicação da Casa, Alda Dantas, Afonso era puro movimento. "Era uma pessoa que nos mobilizava. Tudo para ele tinha que estar perfeito, a estética e o bom gosto eram sua marca registrada. Ele vai fazer falta no nosso dia a dia na Alepa, principalmente pelo seu conhecimento apurado em nossas produções da TV Alepa", pontua.Afonso com Isabelle Fonseca e Aldo Cruz

Coordenador da RádioWeb da Alepa, Aldo Cruz compartilhou os últimos anos de Gallindo na Casa Legislativa. Para ele, faltam palavras para descrever a perda do amigo. "Profissionalmente, para mim, era um grande profissional. Fomos parceiros o tempo todo na construção da Rádio. Batalhamos muito juntos para termos o espaço, nunca tínhamos conseguido com nenhum presidente, e conseguimos com o Chicão, e com a reforma foi possível", diz. "Um aprendeu com o outro. Éramos amigos no trabalho e fora do trabalho. Ele era sensacional em ideias para nós. Na rádio teve muitas ideias. Quando ele teve a doença, me comprometi com ele, a cuidar de tudo da parte burocrática da TV Alepa. A verdade é que a pilha dele nunca acabava, era amigo de todos", reforça.Andréa Santos, Afonso e Raphael Guimarães

O publicitário Raphael Guimarães, que também compartilhou o estúdio de rádio com Afonso nos anos em que passou na Alepa, também sentiu muito a perda. "Tive a honra de dizer por aí que sentei ao teu lado por sete anos e ouvi muito sobre as vivências, sonhos e dores do Afonso. Para mim, ele foi uma fonte inesgotável de ensinamento. Um pote de ouro de ideias. A comunicação do estado perde um gigante e nós perdemos um amigo solar, amoroso e solidário. E eu vou levar teu sorriso e vontade de vencer, mesmo no momento mais difícil, como um tapa na cara pra toda vez que eu pensar em desistir. Obrigado por tudo!", declarou.

Jornalista da Casa, Andreza Batalha conta que conheceu Afonso no início da carreira, na sua primeira experiência com um projeto grande de audiovisual. "De cara, senti que estava no meio dos gigantes. E estava. Anos depois, pudemos trabalhar juntos todos na Alepa e senti essa grandeza no dia a dia. Gigante, enérgico, a mente inquieta. Vi um homem incansável para instalar a TV Alepa, para implantar Libras nas transmissões e deixar tudo perfeito. Nosso último trabalho juntos foi a posse do segundo mandato do Governador Helder Barbalho, Afonso estava frágil, cansado, mas se recusava a ficar parado, falávamos por WhatsApp, fizemos reunião por vídeo e tudo saiu perfeito", contou.A alegria de estar entre amigos era constante

Andreza chegou a chamar atenção do amigo, devido aos cuidados que ele deveria ter por conta da doença e as condições a que ela o submetia. "Eu disse que ele estava se expondo muito, que precisava descansar, e ele me disse com muita segurança: o que eu amo é viver, é fazer tudo isso. Eu escolhi viver assim. Não quero passar os últimos meses ou dias da minha vida me resguardando por causa de uma doença. Quero ver e abraçar todos que amo. Eu chorei e me senti privilegiada de estar entre essas pessoas", finalizou.

Amigos lembram momentos

"Coloca o sorriso no rosto, um pó de arroz, um batom. Estás muito borocoxô". Essa injeção de ânimo foi ouvida de Gallindo algumas vezes por Andrea Santos, jornalista da Alepa. "Antes de ser o profissional da comunicação, apaixonado pelo audiovisual, Afonso era Ser Humano de verdade. Tinha empatia, tratava a todos com a elegância e carisma que só ele tinha", observa.

Depois de serem colegas de turma, retornaram ao convívio no trabalho na Casa Legislativa, e então construíram novas pontes para conectar ainda mais essa amizade. "Afonso foi aos 15 anos da minha filha. Vibrou com a aprovação dela na Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM). Dividi com ele quando consegui comprar meu cantinho. Sempre disse pra eu seguir. Para a minha festa de 39 anos ele fez um vídeo lindo (...). O vídeo falava da mulher chegando aos 40 anos e tinha a trilha sonora da música Mulher de 40, do Roberto Carlos", recorda.

Andrea diz que a última vez que falou com Afonso foi dia 26 de dezembro de 2022, quando ele ligou para falar sobre a posse do governador do Estado e dos deputados. "Foi a última vez que ouvi sua voz. Afonso fazia seu trabalho com maestria, era dono de uma imensa alegria, sempre bem humorado. Num evento realizado em Marabá, cidade no sudeste do Pará, durante a viagem, ficava falando o tempo todo dentro da van. Era pura emoção. Mas sempre muito responsável com sua função na Assessoria de Imprensa da Casa. Mantinha sua posição sem ferir, sem machucar o próximo. A equipe de comunicação da Assembleia Legislativa do Pará perde um excelente profissional. Eu, um amigo. Afonso era solidário, humilde e acima de tudo: Respeitador", finaliza.Afonso com Hilda Veras

Hilda Veras é assistente administrativa da Casa e, na contramão de muitos, disse que por mais agitado que fosse, Afonso sabia desacelerar, especialmente se o assunto era 'o outro'.  "Eu te digo que ele parava para te dar atenção quando você perguntava alguma coisa, ele parava para dizer: 'eu estou disposto a te ouvir'. Então ele parava assim, sabe? E ele olhava nos seus olhos, ele queria resolver a demanda que você pedia a ele, e quando ele não podia, ele pegava no teu braço e te levava até o lugar onde poderias resolver o problema. Ele era um profissional que não deixava nada pra depois. Ele sempre teve excelência em tudo que ele fazia e por mais que ele não atingisse a perfeição, mas ele tentava e chegava bem perto", garante.

Izabelle Fonseca, assessora de comunicação da casa, lembra que estar com ele era a certeza de que a adrenalina ia aumentar. "O raciocínio tinha que acompanhar aquela quantidade de informação que ele entregava , a velocidade aumentada. Algumas vezes, não sabia por onde iniciar, mas sempre tinha um carinho para me dar. 'Bom dia, belle de jour', ele dizia. E eu respondia: 'Bom dia, querido'. E assim seguimos, até logo mais", complementa a servidora.

Dina Santos tem 14 anos como efetiva na Casa Legislativa e acredita que Afonso foi fundamental para o estabelecimento do setor audiovisual no Estado, segmento este que defendeu ao longo de mais de 30 anos de carreira. Mas, ela olha além do que se via nos corredores por onde passou, trabalhando.

"Na vida pessoal, era o filho querido da d. Thereza, de quem cuidava com amor extremado. A mãe idosa e doente, era acamada há alguns anos e Afonso cuidava dela com dedicação. Nunca perdeu a fé e o amor pelo próximo. O sorriso fácil transbordava no olhar luminoso. Acho que ele soube viver o melhor que pode, depois que descobriu o câncer. O tratamento foi encarado sempre com coragem, sem perder de vista o mais importante: estar com as pessoas que amava e aproveitar cada momento de alegria que pode ter", conclui.

Renata Segtowick é publicitária na Alepa, mas assim como muitos, topou com Gallindo no início da carreira. Na agência onde dividiu uma fase da vida profissional, observou ele enquanto Diretor de Criação e ela, primeira arte-finalista e depois Diretora de Arte.
"Depois ele saiu do mundo da publicidade, mas sempre nos víamos no cinema, uma paixão em comum. Há dois anos nos reencontramos na Assessoria de Comunicação da Alepa. Fico feliz de ter tido essa oportunidade de reencontro com ele, sempre uma pessoa muito interessada, impecável no cumprir do seu trabalho, mas ao mesmo tempo sensível aos problemas que qualquer outra pessoa tivesse. Fiquei muito emocionada quando ele me falou há um ano atrás, que tinha muito orgulho de mim e da minha carreira, do rumo que tomou. Saudades de ti, mas sei que viraste luz, quase um vagalume pra brilhar! Um dia a gente vai se reencontrar", espera Renata.

Abaixo uma homenagem do jornalista efetivo da Casa, um poema de Carlos Boução

Carreira

Afonso era jornalista, publicitário, diretor e produtor audiovisual, e militante cultural. Iniciou sua carreira como ator de teatro amador, ainda em Belém. Depois, voltou ao Rio de Janeiro – sua cidade natal, onde atuou como assistente de produção de teatro e dança e assistente administrativo no teatro Ziembiński (RJ). Ao retornar a Belém, deixou um legado por onde passou. E foi aí que descobriu uma paixão pelo cinema.

Trabalhou como assistente de produção, produtor e coordenador de produção em diversas películas e produções em vídeo, locais, nacionais e internacionais independentes. Atuou em diversos coletivos de arte e cultura, não somente na capital do Pará, como em outras cidades do estado e também na região Norte do Brasil.

Foi do Núcleo de Produção Cultural, do Instituto Idade Mídia; foi presidente da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas, na seção Pará (ABDeC-PA), depois representante Regional Norte na ABD Nacional. Atuou na formatação da Lei do Curta e na implementação do Núcleo de Produção do Pará no antigo Instituto de Artes do Pará (IAP), hoje Casa das Artes.

Afonso também foi responsável pela criação de cineclubes em Belém, entre eles, o Cineclube Pedro Veriano e ministrou oficinas na área da comunicação e cinema pelo Pará. Em 2017 graduou-se em Jornalismo. Neste mesmo período, estagiou na Representação Regional Norte do MinC (RRN), contribuindo na reformulação de seu site e na ampliação de participação de redes sociais do escritório regional.
Paralelamente, foi convidado para a reformulação estética e implantação TV aberta da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), contribuindo no canal aberto (UHF/Digital), passando então a integrar a equipe de comunicação da Casa, onde contribuia como gerente de conteúdo da TV Alepa e institucional no Portal Alepa.