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Parlamento paraense prioriza a prevenção ao Diabetes e complicações da doença
Reportagem: Dina Santos
Edição: Dina Santos
A diabetes é um dos mais sérios problemas de saúde pública no mundo. No Brasil, a doença afeta 16,8 milhões de pessoas adultas, entre 20 a 79 anos, o que coloca o país na 5ª posição em incidência da diabetes, perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A estimativa do Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF) é que, até 2030, chegue a 21,5 milhões de brasileiros.
A Assembleia Legislativa aprovou Projeto de Lei de autoria do deputado Thiago Araújo, que estabelece diretrizes para a implementação de ações de prevenção e controle do diabetes em crianças e adolescentes matriculados nas escolas da rede de ensino público e privado do Estado do Pará.
O Brasil tem cerca de 95 mil casos da doença em crianças e adolescentes. No ranking global, o Brasil perde, em úmeros de casos, para os Estados Unidos e Índia. "A pandemia da covid-19 trouxe um aumento de casos, principalmente em crianças e adolescentes. A ideia da proposição é detectar a doença em seu estágio inicial ou elaborar políticas de ações para a prevenção da diabetes inicial", afirma a justificativa do projeto. Com a aprovação do projeto, as escolas da rede pública de ensino e privada no estado do Pará, poderão celebrar parcerias com hospitais e órgãos públicos ou privados, organizações não governamentais e associações profissionais.
Deputado Thiago Araújo
A preocupação com a diabetes se justifica pelas graves complicações que a doença causa. Uma delas é a neuropatia periférica, a complicação crônica mais comum e mais incapacitante da diabetes.
A neuropatia periférica ocorre em 10 a 26% dos pacientes com diabetes tipo 1 (que aparece geralmente na infância ou adolescência, corresponde a 10% dos casos). Nos casos de diabetes tipo 2 (se manifesta mais frequentemente em adultos e corresponde a 90% dos casos), a prevalência aumenta com a idade, afetando cerca de 50% dos pacientes diabéticos com mais de 70 anos de idade.
"A neuropatia ocorre quando há danos nos nervos que levam as informações do cérebro e da medula espinhal para o resto do corpo. Pode afetar um único nervo, um grupo de nervos ou nervos no corpo inteiro. Assim como a diabetes é uma doença silenciosa, a neuropatia é uma complicação que também avança lentamente, confundindo-se com outras doenças", explica a neurocirurgiã Vanessa Chimiti.
Vanessa Chimiti
Alguns fatores favorecem a progressão da neuropatia, com alterações nos vasos sanguíneos e no metabolismo que podem causar danos aos nervos periféricos. Além do controle inadequado da glicose, as causas da neuropatia periférica são: nível elevado de triglicérides, excesso de peso, tabagismo, pressão alta, o tempo em que a pessoa convive com o diabetes e a presença de retinopatia e doença renal – outras duas complicações da diabetes.
A neuropatia costuma vir acompanhada da diminuição da energia, da mobilidade, da satisfação com a vida e do envolvimento com as atividades sociais.
Sinais da neuropatia:
- Dor contínua e constante
- Sensação de queimadura e ardência
- Formigamento
- Dor espontânea que surge de repente, sem uma causa aparente
- Dor excessiva diante de um estímulo pequeno, por exemplo, uma picada de alfinete
- Dor causada por toques que normalmente não seriam dolorosos, como encostar no braço de alguém.
Em um segundo momento, a neuropatia periférica causa a redução da sensibilidade protetora, principalmente nos membros inferiores (pernas e pés). As dores, que antes eram intensas demais mesmo com pouco estímulo, passam a ser menos percebidas, aumentando o risco do paciente não sentir dor em machucados e não tratar as lesões a tempo e de forma adequada.
Essa redução da sensibilidade está diretamente ligada ao risco de amputação. Dois terços das amputações não-traumáticas (que não são causadas por acidentes e fatores externos) são causados pela neuropatia periférica.
A perda sensorial também aumenta o risco de acidentes, pois provoca desequilíbrio e instabilidade na marcha, aumentando a possibilidade de quedas e traumas que podem resultar em lacerações, fraturas ou traumatismos cranianos.
Prevenção
Para prevenir a neuropatia periférica é fundamental o cuidado com a diabetes. Além disso, algumas medidas ajudam a controlar as sequelas da doença:
- Examinar os pés e pernas todos os dias.
- Avaliar e cuidar das unhas regularmente.
- Usar hidratante na pele seca, mas com cuidado para não aplicar entre os dedos.
- Usar calçados adequados, indicados pela equipe multidisciplinar.
- Fazer o controle eficiente da glicose.
- Usar medicamentos específicos para tratar os danos aos nervos.
