
A Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), por meio do Departamento de Saúde e Bem-Estar (DBES), encerrou a campanha Setembro Amarelo com uma série de atividades de conscientização, ressaltando que o cuidado com a saúde mental deve acontecer durante todo o ano. A ação também ganhou destaque na programação desta semana da Rádio Alepa FM 101.5.
Um dos pontos debatidos foi a relação entre Transtorno do Espectro Autista (TEA) e maior risco de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e ideação suicida. Especialistas alertam que esses fatores não estão ligados diretamente ao autismo, mas às barreiras sociais, ao isolamento e à falta de acolhimento.
A psicóloga Thalita Possmosser – mestre em análise do comportamento e especialista em práticas baseadas em evidências – destacou no programa da Rádio Alepa que “pessoas com TEA apresentam uma probabilidade 25 vezes maior de cometer suicídio do que a população em geral, principalmente devido à depressão e à sensação de não pertencimento”.
Dados da Genial Care, rede de apoio a crianças autistas e suas famílias, reforçam a gravidade: 49% dos autistas já apresentaram comportamentos de autolesão e 7% tentaram suicídio.
Durante todo o mês, o DBES promoveu diversas ações palestras, rodas de conversa e atendimentos voltados à escuta e à orientação dos servidores e da comunidade. O objetivo foi ampliar a percepção sobre os sinais de sofrimento emocional e estimular a cultura do cuidado coletivo.
O chefe da Divisão de Saúde da Alepa, professor e doutor Jorge Vaz, chamou atenção para os números da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a entidade, em 2019 foram registrados mais de 700 mil suicídios no mundo, podendo ultrapassar 1 milhão de casos devido à subnotificação. “No Brasil, a média é de 14 mil casos por ano, o que equivale a 38 mortes por dia. No Pará, não há estatísticas consolidadas, mas sabemos que os números são expressivos e preocupantes”, ressaltou.
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A psicóloga do DBES, Francirene Hipólito, alertou para o estigma que ainda dificulta a procura por ajuda: “muitos ainda acreditam que psicólogos e psiquiatras só atendem pessoas com distúrbios mentais graves. Isso não é verdade. Questões como depressão leve e ansiedade, se não tratadas, podem evoluir para situações irreversíveis.”
Além da atuação no campo preventivo e de acolhimento, a Alepa tem se destacado pela aprovação de leis voltadas à saúde mental. Entre elas:
PL nº 163/2024, de autoria do deputado Adriano Coelho (PDT), que cria a Política Estadual de Saúde Mental para profissionais da Segurança Pública.
PL nº 292/2023, do deputado Dr. Wanderlan, que institui o Programa de Prevenção e Tratamento da Depressão Perinatal.
PL nº 308/2021, do deputado Carlos Bordalo (PT), que estabelece o Programa Estadual de Prevenção e Combate à Depressão e ao Suicídio na rede pública de ensino.
O deputado Bordalo, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Alepa, também coordenou, neste setembro, uma reunião de trabalho voltada à saúde mental da categoria de bancários.
Essas iniciativas reforçam que a pauta da saúde mental é prioridade no Parlamento Paraense, unindo campanhas de conscientização e legislações que buscam garantir respostas estruturantes e permanentes para a sociedade.
Rede de Apoio:
No Brasil, o CVV – Centro de Valorização da Vida oferece apoio emocional gratuito e sigiloso 24 horas por dia pelo telefone 188 ou pelo site cvv.org.br.
As informações contidas nesta seção são de responsabilidade da FRTPA.