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Representatividade feminina na política fortalece lutas por igualdade e sustentabilidade
Reportagem: Dina Santos- AID - Comunicação Social
Edição: Andreza Batalha - AID - Comunicação Social
No Dia Internacional da Mulher, deputadas destacam desafios e avanços na busca por equidade e participação nas decisões políticas.
Representatividade. A palavra concentra os anseios de uma parcela significativa da sociedade – as mulheres – na busca pelo exercício pleno de direitos e por respeito. No Dia Internacional da Mulher, essa expectativa ganha mais evidência. A data 8 de março foi criada para homenagear as lutas das mulheres por igualdade de gênero e contra a discriminação.
O dia foi escolhido por sua simbologia, quando, em 1917, mulheres realizaram uma manifestação em Petrogrado (atual São Petersburgo), na Rússia, reivindicando melhores condições de vida e o fim da participação russa na Primeira Guerra Mundial. O protesto ficou conhecido como “Pão e Paz” e foi um dos primeiros momentos da Revolução Bolchevique.
Apesar de décadas de lutas, as mulheres ainda enfrentam desafios para conquistar espaços. Na política, o caminho é árduo. Entre os Parlamentos de 193 países, o Brasil ocupa o 131º lugar em representatividade feminina, conforme ranking da Inter-Parliamentary Union. Na América Latina, o país está à frente apenas de Belize e Haiti.
Embora representem 51,8% da população e 52,65% do eleitorado, as mulheres ocupam apenas 17,7% das cadeiras no Parlamento brasileiro. Na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), a presença feminina já alcançou 25% na legislatura passada, com 10 deputadas, mas atualmente conta com apenas sete parlamentares. Mesmo em menor número, a bancada feminina se mantém atuante.
A deputada Diana Belo (MDB) destaca a importância da participação feminina. “Em um país com muito a avançar na equidade de gênero, considero essencial a representatividade feminina no parlamento. Nós sabemos definir melhor as políticas públicas para o enfrentamento da violência contra as mulheres e para a promoção de ações que atendam aos nossos anseios”, afirma.
A deputada Lívia Duarte (PSOL) reforça que a presença feminina precisa ser ampliada. “É importante eleger mais mulheres, incluindo a primeira deputada indígena. O poder feminino não deve servir a uma só, mas ser partilhado para toda a sociedade.”
A deputada Ana Cunha (PSDB) ressalta que a representatividade feminina no Parlamento não se trata apenas de equidade, mas de efetividade na construção de políticas públicas. “Quanto mais vozes femininas tivermos, mais avanços conseguiremos em áreas como segurança, saúde, educação e igualdade de oportunidades.”
A deputada Cilene Couto (PSDB) destaca o compromisso com a pauta feminina. “Nossa presença, mesmo numericamente tímida, é essencial para fortalecer a defesa de direitos e ampliar o debate sobre temas que impactam diretamente a vida das mulheres.”
Novos Espaços Políticos
A deputada Paula Titan (MDB), Procuradora Titular da Procuradoria da Mulher da Alepa, avalia o crescimento da participação feminina na política. “As mulheres conquistaram o direito ao voto há menos de 100 anos e vêm ocupando cada vez mais espaços de poder, o que contribui para uma legislação mais igualitária.”
Ela cita o Código de Defesa da Mulher Paraense, entregue recentemente pela Procuradoria, como um instrumento que compila as leis estaduais de defesa dos direitos das mulheres. “É um material de consulta para informar a população sobre o que já foi aprovado e virou lei.”
Mulheres na COP 30
A participação feminina também se destaca nas discussões ambientais, especialmente no ano em que Belém sediará a COP 30. A deputada Maria do Carmo (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente, ressalta que as mulheres são as mais atingidas pelas mudanças climáticas. “As áreas vulneráveis têm mais mulheres afetadas, principalmente na Amazônia. Precisamos ter um olhar diferenciado para as mulheres amazônicas na COP.”
A deputada Andreia Xarão (MDB), mulher ribeirinha, enfatiza a importância da participação feminina na preservação ambiental. “Sabemos a importância da sensibilidade feminina na proteção da floresta e na construção de uma sociedade mais sustentável.”
A deputada Diana Belo cita o relatório da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que aponta que mulheres em regiões rurais perdem mais rendimento durante ondas de calor e inundações. “Esses dados reforçam a importância da participação feminina nas discussões sobre mudanças climáticas.”
A deputada Paula Titan conclui destacando o papel da Procuradoria da Mulher na ampliação de vozes femininas na COP 30. “Estamos fazendo uma construção coletiva para que mulheres indígenas, quilombolas e ribeirinhas possam ser ouvidas nas questões climáticas.”
A expectativa é que a COP 30 em Belém debata a desigualdade de gênero e os reflexos das mudanças climáticas, fortalecendo a participação feminina na construção de sociedades mais justas e sustentáveis.