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25/05/2023 | 16h39 - Atualizada em 25/05/2023 | 18h24

Marcha das Margaridas celebra mobilização social de mulheres no Pará

Reportagem: Natália Mello

Edição: Andreza Batalha

A diversidade das mulheres do campo, das florestas e das águas foi lembrada nesta quinta-feira (25), em sessão especial realizada no auditório João Batista, na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). Proposta pelo deputado Carlos Bordalo, a sétima edição integra a agenda permanente do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) e de movimentos feministas e de mulheres.

O nome da marcha homenageia Margarida Maria Alves, sindicalista paraibana assassinada em 1983, aos 50 anos, por um matador de aluguel a mando de fazendeiros da região. Presidida pelo deputado Carlos Bordalo (PT), a sessão especial contou com uma mesa formada também pelas deputadas Maria do Carmo (PT), Elias Santiago (PT) e Lívia Duarte (PSOL), além da ex-governadora do Pará, Ana Júlia Carepa; da secretária Nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política do Ministério das Mulheres, Carmem Foro; da coordenadora da Marcha das Margaridas no Estado, Camila Castro; a presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Agricultura do Pará (Fetagri/Pará), Ângela Lopes; da coordenadora da Associação de Mulheres Brasileiras (AMB), Eunice Guedes; e a presidente da Central Única dos Trabalhadores no Pará (CUT/PA), Euci Ana Gonçalves.

Carlos Bordalo, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Alepa, abriu a sessão lembrando que a Marcha das Margaridas é a maior ação das mulheres da América Latina, que dialoga sobre as ações dessas mulheres e fortalece as políticas com os governos e parlamentos. O deputado ressaltou a importância de celebrar o movimento, que acumula mais de 20 anos de luta da mulher e do movimento feminino no Estado.

"O Brasil está atravessando um processo de mudanças bastante significativas e é muito importante que a mulher seja protagonista dentro dessas mudanças. O Brasil deve muito às mulheres brasileiras, em particular às mulheres do campo, às mulheres dos rios, às mulheres das florestas. O nível de exclusão é grande no campo, e as mulheres precisam conquistar também seu espaço na produção e na economia. Não vai haver uma reversão deste papel secundarizado que submetem às mulheres, nem no papel social das mulheres e dos homens se a mulher também não adentrar na economia", pontuou.

O parlamentar reforça a necessidade do parlamento estar aberto à recepcionar a agenda e funcionar como instrumento de diálogo com o Executivo e com as instituições. "Para que essa pauta que combate a violência, que apoia o empoderamento da mulher, que incentiva que a mulher tenha maior papel na economia e dessa forma reduza esta desigualdade ainda inconcebível, inaceitável entre homens e mulheres. O parlamento tem que cumprir seu papel e o nosso mandato já acompanha essa luta há muitos anos e dessa forma nós mais uma vez cumprimos nosso dever no parlamento do Pará de recepcionar os movimentos sociais", finalizou Carlos Bordalo.

A coordenadora da Marcha das Margaridas, Camila Castro, acredita que o momento é de levar a reconstrução do Brasil à pauta, e que a agenda foca no bem-viver das mulheres da Amazônia paraense. "Nós, mulheres da Amazônia paraense, necessitamos muito rediscutir algumas políticas públicas. Então a Marcha traz essa pauta para cá, e internalizamos aqui com o deputado Carlos Bordalo e que a gente pretende internalizar na Secretaria da Mulher, no Governo do Estado, para que a gente possa dentro do planejamento do Governo do Estado e essas políticas públicas poderem chegar às mulheres", disse. Na ocasião, os parlamentares da Alepa receberam uma carta com reivindicações dos grupos de ativistas para dar encaminhamento nas negociações para a implementação dessas pautas.

Em nome da ministra da Mulher, Cida Gonçalves, e do presidente Lula, Carmem Foro afirmou que o governo federal está aguardando as ativistas para a agenda em Brasília, no dia 21 de junho, e reiterou: a marcha só tem sentido por ser coletiva. "A Marcha das Margaridas nos traz a sensação concreta de que sozinhas não vamos a lugar nenhum. Mas quando nós nos juntamos, nós somos capazes de marchar por anos, e fazem 23 anos que fazemos marchas cada vez maior com pautas revolucionárias e a coletividade que nos une, é a força das mulheres juntas, do campo, da cidade, da floresta, das águas, que proporcionou com que nós fossemos a maior marcha da história do nosso país é a Marcha das Margaridas não tenho dúvida disso", declarou.

Para Carmem, a Marcha é como um bálsamo da democracia brasileira. "Nós esperamos essa pauta. Essa pauta contribuirá com todo o caminho que nós estamos construindo, que é o caminho que o presidente Lula está construindo, de respeito as mulheres. Nós trabalhamos muito no 8 de março para fazer importantes anúncios para às mulheres. Há compromisso do governo Lula e há compromisso da ministra Aparecida Gonçalves, com a agenda das mulheres brasileiras, com a agenda da Marcha das Margaridas. Então nós esperamos muito que vocês cheguem, cheguem dia 21 para que a gente abra um longo processo de negociação com a pauta da marcha", concluiu.

A presidente da Fetagri/Pará, Ângela Lopes, pontua que a Marcha traz o simbolismo da luta, da resistência da mulher, gravado no nome de Margarida. "Ela era uma agricultura, mas hoje ela é reconhecida em toda a América Latina. Ela atravessou mentes e corações, e por isso mulheres se somam a nós de todos os movimentos, muitas acompanham essa grande caminhada", comemorou.

Mas Ângela destacou a necessidade de continuar lutando contra as mazelas sociais, citando que os casos de feminicídio não pararam, o racismo não parou. "Muita coisa boa aconteceu, mas lutamos por muita coisa, muitas conquistas. Quando viajamos o Pará e encontramos agricultores que dizem que para levar a produção ao mercado, precisam lavar a caçamba que leva o lixo, nos dói muito, porque demonstra a falta política pública.Quando falamos da mulher amazônida, não é só a mulher do campo, é a mulher da periferia que está em insegurança alimentar, então esse momento é importante porque lutamos e crescemos, e vamos levar nossa pauta à Brasília, a pauta da mulher do campo e da cidade, de todas as margaridas que estão aqui", concluiu.

*Todas as fotos desta sessão estão disponíveis em nosso Banco de Imagens