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13/09/2021 | 20h29 - Atualizada em 13/09/2021 | 20h31

Comissão de Saúde da Alepa quer protocolo para prevenção e tratamento da doença da urina preta

Reportagem: Dina Santos

Edição: Dina Santos

Seis casos suspeitos da síndrome de Haff – a doença da urina preta – estão sendo investigados no Pará: um em Belém, quatro em Santarém e um em Trairão. As notificações preocupam a população, que não tem muitas informações sobre como prevenir a doença.

Para entender o cenário da doença no Estado, a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Pará fez uma reunião online nesta segunda-feira (13/09), com a participação de representantes da Secretaria de Saúde do Estado, Vigilância Sanitária, Adepará e Secretaria de Agricultura e Pesca (SEDAP).

"A doença de Haff, ou da urina preta, foi notificada pela primeira vez há quase 100 anos, mas ainda há poucos estudos sobre ela. Por isso, quando os primeiros casos suspeitos foram notificados em nosso Estado, vimos a necessidade de entender qual é o cenário no Pará", explicou o presidente da Comissão de Saúde, deputado Jaques Neves. "Temos uma ideia de qual pode ser o impacto dessa doença não apenas na saúde, mas também nos setores da economia e social. Precisamos ver de que forma o Poder Legislativo pode contribuir para as ações preventivas neste momento", destacou o parlamentar.

Deputado Jaques Neves

Para o deputado, é preciso alertar a população, mas sem criar pânico. "Sabemos que algumas regiões do Estado têm um consumo intenso de peixes, além de serem grandes na produção e comercialização de pescado", avalia.

A representante da SESPA, Veronilce Gomes, esclareceu que desde que os casos no Amazonas começaram a ser notificados – o Estado já tem 61 casos confirmados – a Secretaria de Saúde acompanha as informações sobre a doença no estado vizinho e emitiu uma nota técnica para alertar os profissionais de saúde para o risco devido à proximidade com o Amazonas. "Foi uma medida preventiva, para orientar sobre os protocolos iniciais", explicou Veronilce.

Veronilce Gomes

A preocupação se justificou em poucos dias, com os primeiros casos no território paraense. "Mas a Secretaria de Saúde não fez nenhuma recomendação no sentido de proibir a venda e o consumo de peixes, como alguns municípios já começaram a fazer. Essa seria uma medida precipitada", afirma Veronilce.

Secretário Giovanni Queiroz

A avaliação é acompanhada pelo secretário de pesca, Giovanni Queiroz. "Não é o caso de alarmar a população para uma doença com risco de morte baixo. O importante é fazer um rastreamento eficaz para identificar os casos e investigar que tipo de peixe foi consumido, como foi a manipulação e o transporte desse pescado, e tentar confirmar como aconteceu a contaminação", explica Giovanni Queiroz.

Jamie Júnior Macedo

Jamir Júnior Macedo, representante da Adepará, enumerou as espécies de pescado que podem estar envolvidas na contaminação. "Em geral, são peixes de água doce, no Pará, espécies como a pirapitinga, o pacu, o tambaqui e o pirarucu estão sendo relacionados, mas no âmbito da pesca extrativista artesanal", disse.

Nílvea Carneiro
"Todos os casos estão sendo monitorados e identificamos pontos focais entre eles para que possamos ter um trabalho de investigação conclusivo, mas não temos um cenário que justifique alarmar a população", tranquilizou Nílvea Carneiro, diretora de vigilância sanitária do Estado.

Para a deputada Heloísa Guimarães, "o importante é que as pessoas saibam o que é a doença, como se transmite, sintomas e como tratar, para que saibam como agir diante de uma suspeita".

Deputada Heloísa Guimarães

"Minha preocupação como consumidora, e acredito que é a mesma de toda a população, é saber o que está sendo feito para controlar e evitar um surto dessa doença, quando as pessoas ainda não estão recuperadas da pandemia da covid-19. Saber que os órgãos de saúde e vigilância sanitária estão atuantes nos dá tranquilidade", garantiu a deputada Michelle Begot.

Deputada Michelle Begot

O deputado Jaques Neves sugeriu que todos os órgãos envolvidos, mais representantes da Universidade federal, Universidade do Estado e Hospital Barros Barreto, se unam na elaboração de um protocolo próprio do Pará, que oriente os profissionais de saúde e a população.

Segundo Veronilce Gomes, "as ações epidemiológicas já estão sendo realizadas e uma nova nota técnica está sendo finalizada com todas as orientações sobre vigilância sanitária e manejo clínico, para que os profissionais de saúde que atendem a população em todo o Estado tenham um suporte adequado", garantiu.

Doença de Haff – é uma síndrome causada por uma toxina ainda desconhecida. A doença pode aparecer após ingestão do peixe, que podem liberar toxinas prejudiciais ao corpo humano. Quando o peixe ou mariscos não forem guardados e acondicionados de maneira adequada, eles criam uma toxina sem cheiro e sem sabor, que não se degrada com o cozimento.

Os sintomas costumam aparecer entre 2 e 24 horas após o consumo dos peixes ou crustáceos contaminados.

Os sintomas característicos da doença da urina preta são dores musculares que começam na região cervical (atrás do pescoço), fortes câimbras nos ombros, braços e pernas, enjoo e vômito, a coloração da urina escurecida (cor de café), perda de força e que afeta os rins.

Pessoas com suspeita da doença devem buscar atendimento imediato nas unidades de saúde e de Pronto Atendimento.

O tratamento inicial dos pacientes com suspeita da doença de Haff é feito com hidratação venosa, que favorece a função renal e auxilia na eliminação da toxina pela urina.