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19/06/2020 | 12h05 - Atualizada em 19/06/2020 | 13h47

Comissão de saúde ouve gestores da Região do Lago de Tucuruí sobre o combate à pandemia

Reportagem: Mara Barcellos

Edição: Andreza Batalha

Prefeitos e secretários de saúde dos sete municípios da região do Lago de Tucuruí estiveram reunidos, durante três horas por videoconferência, com deputados que compõem a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) nesta quinta - feira (18.06) para relatar suas principais ações e dificuldades no enfrentamento à Covid-19.

A reunião é fruto de um requerimento da deputada Ana Cunha, aprovado por unanimidade entre os parlamentares, com finalidade de ouvir relatos de gestores municipais de todas as regiões do Estado para identificar como estão atuando no combate à pandemia. Portanto, a partir dos relatos é possível obter um diagnóstico mais preciso da realidade local, o que permite aos deputados ter conhecimento da situação para poder intermediar as demandas e reivindicações junto ao Governo Estadual e à Secretaria de Saúde Pública (Sespa), na busca de soluções para os principais problemas na área da saúde.

A  região destaca-se pela importância energética da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, segunda maior usina hidrelétrica 100% brasileira. Com cerca de 500 mil habitantes, a região conta apenas com o Hospital Regional de Tucuruí com 20 leitos para tratamento de Covid, que não consegue atender toda a demanda. Um dos principais problemas é a falta de UTI’s para atender pacientes em casos graves da doença.  

O município de Tucuruí é o mais populoso da região, com pouco mais de 112 mil habitantes (IBGE 2018), possui alta letalidade da doença com 842 casos confirmados, 713 recuperados e 73 óbitos. Mas os números podem ser maiores, segundo o secretário de saúde municipal Rondinelle Pires, se estivessem realizando mais testagens na população. 

Para conter o avanço do coronavírus na cidade, o gestor de saúde disse que já realizaram "lockdown" e criaram estratégias para atender os casos moderados. Para isso, estruturaram uma UPA com quatro leitos para receber pacientes que precisam usar respiradores. Em média, atendem 200 pessoas diariamente. Mas para ele, a maior necessidade é a falta de estrutura no Hospital Regional, com poucas UTI’s para receber os pacientes em estado grave.

“O Regional aumentou sua capacidade para mais 20 leitos, mas não é suficiente e ainda tem 15 leitos esperando respiradores do governo estadual para ampliar e atender melhor a população. Na verdade, temos três leitos com respiradores e estamos aguardando mais dois. O que a gente realmente necessita é ter esse apoio para que aumente a capacidade”, destacou  Rondinelle.           

O município de Jacundá possui 318 casos confirmados, oito óbitos e os casos vem crescendo. A falta de UTI para atender pacientes é a principal preocupação da secretária de Saúde de Jacundá, Lícia Souza.  

“Nossa maior dificuldade é não ter um hospital de retaguarda de referência com UTI para atender nossa população. Outra questão é a regulação de pacientes que precisam ser transferidos para outros centros de atendimento, além dos altos preços de medicamentos”, disse.  

“Se a Policlínica Itinerante pudesse vir aqui, seria muito importante para nós”, completou.

O prefeito Ribamar Lima, de Goianésia do Pará, relatou como está trabalhando no combate ao coronavírus. Porém, assim como os demais prefeitos da região, também reclama da ausência de leitos de UTI’s na região.      

“Conseguimos transformar uma Unidade Básica de Saúde em mini hospital com 10 leitos. Hoje temos 78 casos confirmados, 71 recuperados e quatro óbitos. Nossa dificuldade é conseguir leitos no hospital de referência. Estamos trabalhando  para tratar a doença na 1ª e 2 ª fases para evitar que a doença se agrave”, pontuou.

Ribamar também informou que a empresa Eletronorte prometeu repassar duas UTI’s, mas até o momento ainda não obteve resposta.

A realidade do município de Breu Branco, com 60 mil habitantes, não é diferente. Com 147 casos confirmados e três óbitos, as dificuldades são muitas, entre elas a questão orçamentária.

“Rebemos R$ 845 mil de ajuda do Governo Federal, mas não foi suficiente para custear as nossas despesas. Só com funcionários tivemos que dar acréscimos de 40% no salário para manter dois médicos, enfermeiros, segurança e funcionários trabalhando aqui. Nós já tivemos que regular paciente para Castanhal e isso aumenta demais os nossos custos. Para mandar uma ambulância, uma enfermeira, você tem gastos com combustível, gastos com diária de servidor, então a saúde acaba ficando cara para o município”, evidenciou Francisco Garcês, prefeito de Breu Branco.       

Garcês também mostrou preocupação com a falta de humanização no Hospital Regional de Marabá. “Temos dificuldade em conseguir regular pacientes no Hospital Regional de Marabá. Você regula o paciente e autoriza a ambulância para levá-lo  e quando chega lá no atendimento, eles querem barrar na porta do hospital e pede para retornar o paciente para o município de origem”, relatou.

A prefeita de Nova Ipixuna, Drª Graça Matos, reiterou a reclamação sobre a falta de humanização no Regional de Marabá. “Os nossos casos mais graves são encaminhados para o Hospital Regional de Marabá. Mas é preciso olhar essa questão da humanização no atendimento no hospital, porque os funcionários não dão feedback e isso nos preocupa”,  observou.

Na oportunidade, a prefeita solicitou um aparelho de Raio X e apoio com as emendas parlamentares.       

Governo

Em maio, o Governo do Estado enviou para o Hospital Regional de Tucuruí equipamentos como ventiladores e bombas de infusão para instalação de cinco novas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) para atendimento de pacientes acometidos pela covid.

De acordo com o presidente da Comissão, deputado Dr. Jaques Neves, a saúde na região já vinha sofrendo com a falta de infraestrutura e, por isso, precisa de reestruturação para garantir melhores condições de atendimento à população local.    

“Tenho certeza de que precisamos melhorar o Hospital Regional de Tucuruí. O hospital já vem sofrendo a um longo tempo, necessitando de reestruturação, e o hospital é importante para a cidade e para a região. É inconcebível que a região ainda tenha que enviar muita gente para Marabá.  A gente precisa, na área da saúde, fazer prioritariamente e o prioritário, agora é socorrer o nosso povo.  Eu tenho certeza de que o governo do Estado vai atender essas reivindicações e levar até à região a policlínica itinerante.  Esse é o objetivo da reunião, levar benefícios para o nosso povo”, ressaltou.  

Resultados

Como resultado da reunião e intermediação dos parlamentares que formam a Comissão de Saúde, a região do Marajó recebeu recentemente  a Policlínica Itinerante e também a fluvial para atender a população da área urbana e comunidades ribeirinhas, extrativistas, agricultores familiares, pescadores e quilombolas.     

Mais de duas mil pessoas foram atendidas nos municípios de Ponta de Pedras, Muaná, São Sebastião da Boa Vista, Cachoeira do Arari, Salvaterra e Soure.

Além de consultas, exames e testes rápidos, os moradores receberam medicamentos para tratamento da Covid-19, máscaras e kits de higiene bucal (creme, escova e fio dental). Durante as ações, as pessoas passavam por triagem e avaliação médica e, com apoio de hospitais municipais, fizeram exames complementares, como raio-x e de sangue.  Os profissionais envolvidos na ação fizeram também o trabalho de prevenção e educação da população marajoara sobre o novo coronavírus.

A vice -presidente da Comissão, deputada Drª Heloísa Guimarães, parabenizou o trabalho dos gestores pela atuação no combate e tratamento da covid, que dentro de suas limitações, vêm se esforçando para minimizar os efeitos da pandemia. Como alternativas para as reivindicações, a parlamentar fez algumas observações que considera importante na busca de soluções.       

“Está na hora de fazermos uma reunião com a gestão da Sespa, mas com a equipe mais diretiva, executiva e técnica para sabermos se nesse momento teria condições de desativar uma enfermaria toda de leitos em Belém e transferir esses respiradores para as áreas que estão mais comprimidas nesse momento, ampliando uns 15 leitos ou pelo menos 8 em Tucuruí. Defendo as compras coletivas para viabilizar a aquisição de mais medicamentos para os municípios”, sugeriu.          

Pela primeira vez o encontro contou com a participação da Defensora Pública, Luana Rochelly Miranda Lima. Ela informou que o objetivo de sua participação é fazer um diagnóstico para saber o que está acontecendo e assim ter subsídios para  adotar as medidas que forem necessárias, sempre com o intenção de minimizar as dores da população. Após ouvir os munícipes, fez algumas solicitações.  

“É importante que os municípios atualizem seus dados no sistema da Sespa de forma rápida, porque com esses dados epidemiológicos  para que a Sespa e o Governo tenham um panorama da situação e de repente pode direcionar para uma ação mais forte em determinado local. Que todos os municípios respeitem esse novo decreto estadual, porque nesse momento em relação ao coronavírus a gente tem muitas incertezas e dificuldades, o único consenso mundial é de que é necessário seguir o isolamento social. Então que em seus decretos,  sejam compatíveis  com o decreto do Estado”, pontuou.           

A região é composta por sete municípios. São eles: Breu Branco, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento e Tucuruí, todos estiveram representados na reunião. A deputada Michele Begot também esteve presente ao encontro.

 

*Com informações da Sespa e Agência Pará