• Item
    ...

Notícia

29/05/2020 | 11h55 - Atualizada em 29/05/2020 | 13h17

Em reunião virtual, Comissão de Saúde ouve reinvindicações de prefeitos da Região Tocantins

Reportagem: Mara Barcellos

Edição: Andreza Batalha

Em reunião histórica, deputados estaduais reuniram por videoconferência durante quatro horas nesta quinta – feira (28.05), com prefeitos e secretários de saúde de nove dos 11 municípios que formam a Região Tocantins.

A reunião virtual, comandada pelo presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), deputado e médico Dr Jaques Neves, teve o objetivo de ouvir as experiências e ações desenvolvidas pelos gestores no combate ao novo coronavírus (Covid-19) e as principais reivindicações para fazer o enfrentamento da pandemia. Participaram do encontro online os deputados Dr Galileu, Ana Cunha, Iran Lima, Dra Heloísa Guimarães, Cilene Couto, Michele Begot e Paula Gomes.

O encontro por sistema remoto atendeu ao requerimento da deputada e também médica Ana Cunha, que entendendo as dificuldades financeiras e de infraestrutura dos municípios em desenvolver ações mais efetivas para controlar a pandemia, solicitou a reunião para promover o diálogo entre parlamentares e prefeitos, de forma que coletivamente possam intermediar junto ao Governo do Estado e ajudar os munícipes em suas necessidades.

“Essa reunião é sem dúvida, uma reunião histórica, para que a gente possa colaborar com prefeitos e secretários municipais de saúde em suas demandas. Esse é um trabalho coletivo. Estamos aqui para promover o diálogo e ajudar os prefeitos e o Estado a salvar vidas. Iniciamos com a Região do Baixo Tocantins, mas vamos ouvir todos os 144 municípios. E, acredito que a Alepa, em parceria com o Estado, vai contribuir muito nesse processo”, reiterou Ana Cunha.       

Prefeitos e secretários explicaram as principais ações e protocolos de atendimento que vêm desenvolvendo para combater a pandemia em suas regiões. Mesmo diante de poucos recursos orçamentários, pouca infraestrutura hospitalar e desafios geográficos, onde se tem a predominância de muitas ilhas e comunidades ribeirinhas, os gestores revelaram algumas iniciativas exitosas  para superar as inúmeras dificuldades. 

A prefeita de Moju, Nilma Lima, revelou que para atender comunidades distantes e com populações tradicionais, vem readequando as unidades de saúde nessas localidades.

“Estamos resgatando quatro unidades de saúde básicas localizadas em áreas de povos quilombolas, indígenas e comunidades rurais, para que assim a gente possa fazer um trabalho preventivo mais direcionado nessas localidades”, disse.

Para manter o isolamento social e diminuir o contágio entre as pessoas, o município de Baião, decretou lockdown por alguns dias. 

“Os casos aqui estão crescendo, principalmente na zona rural que representa 50% da população do município.  Então decretamos lockdown nos últimos 15 dias. Não foi fácil, mas foi necessário”, afirmou Dr Edilson Ramos, Secretário Municipal de Saúde.

O município de Barcarena possui alto número de óbitos, são 64 mortes registradas até o último dia 20. Para enfrentar o momento crítico, o município investiu em hospital de campanha próprio e ampliou plantões nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).         

“Abrimos um hospital de campanha municipal e há um mês estamos fazendo  plantões aos finais de semana nas unidades saúde”, destacou Eugênia Teles, Secretária de Saúde em Barcarena. 

A reunião além de ser um importante instrumento para a troca de experiências entre os gestores, revelou a adoção de medidas preventivas comuns entre os munícipes, com destaque para o protocolo de tratamento por meio de cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina em pacientes com a doença.

Os gestores públicos também demonstraram preocupação com o avanço da Covid no interior, revelaram suas limitações e reivindicaram apoio aos parlamentares para combater a pandemia. A maior preocupação é com a falta de insumos hospitalares e de equipamentos como respiradores, tomógrafos,  ambulâncias e ambulanchas.

O prefeito de Baião, Jadir Nogueira disse que o município necessita de transporte adequado para atender as 73 vilas, além de recursos para reformar o hospital municipal e aquisição de medicamentos.

“Nossa necessidade é de ambulanchas, porque nossa região tem muitas ilhas e por isso precisamos de também de combustível. Hoje, temos uma ambulância alugada semi UTI e dessa forma conseguimos transportar os pacientes. Precisamos urgente de medicamentos e fazer a reforma do hospital municipal para ampliar os leitos”, cobrou.     

A prefeitura de Abaetetuba, assim com a maioria dos municípios vem dando prioridade ao tratamento de prevenção logo nos primeiros sintomas, por meio de consultas e distribuição de medicamentos. Mas o alto custo dos remédios vem impossibilitando a compra. O prefeito Alcides Negrão aproveitou para solicitar a aquisição de tomógrafo e o envio da policlínica à região.

“O alto preço dos medicamentos tem dificultado novas aquisições. Portanto, o nosso pedido é o reforço na aquisição desses remédios para atender a população. Solicitamos um tomógrafo e também a vinda da policlínica”, pontuou.

As principais necessidades do município de Acará são Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e insumos.

“Os problemas que enfrentamos são a falta de infraestrutura no hospital municipal e de insumos. Precisamos muito de EPIs e de tomógrafo”, relatou Murilo de Sá, Secretário de Saúde de Acará.       

Carlos Ernesto, prefeito de Limoeiro do Ajuru, revelou que o crescimento de casos em comunidades do interior exige maiores investimentos em transporte e infraestrutura hospitalar. O município de 28.500 habitantes possui 188 casos confirmados da doença e sete óbitos. 

“A maioria da nossa população mora em ilhas e para atender as comunidade precisamos de duas ambulanchas. O hospital está interditado pelo Corpo de Bombeiros e por isso tivemos que transformar uma parte da unidade de  saúde em área de isolamento para atender pacientes com covid.  Seria bom ter o atendimento da policlínica itinerante e um sistema estadual de regulação mais ágil”, ressaltou.

O prefeito de Mocajuba, Cosme Macedo, solicitou testes rápidos, transporte para pacientes e equipamentos hospitalares.

“Compramos 500 testes, mas não são suficientes para atender a demanda da população. A falta de uma ambulância para conduzir os pacientes é outro problema, e também não temos nenhum respirador para salvar vidas”,  reclamou.  

Entre as propostas dos parlamentares como forma de promover políticas públicas aos municípios, todos concordaram em destinar emendas para reforçar, seja na aquisição de medicamentos ou compras de equipamentos.

A deputada Cilene Couto destacou a iniciativa dos prefeitos e pediu celeridade no andamento das solicitações apresentadas.

“A participação dos prefeitos nessa reunião é muito importante e estão contribuindo com suas experiências nesse momento. Daqui já temos vários encaminhamentos e minha sugestão é que seja dado celeridade nas demandas, para que possamos encaminhar  à presidência do Poder Legislativo e ao governador e assim obter resposta o mais breve”, disse.

Após ouvir os representantes de cada município, o presidente da Comissão de Saúde, Dr Jaques Neves, reiterou sobre a finalidade da reunião e a ação coletiva do Parlamento em contribuir com os municípios e governo no combate à pandemia.

“Essa reunião entre o Legislativo Estadual e gestores municipais quebra um paradigma. A nossa questão aqui não é fiscalizar, mas ouvir e abrir diálogo com prefeitos e secretários, para dialogarmos sobre suas demandas e necessidades para que possamos através da Alepa, intermediar junto ao governador  para ajudar a salvar vidas”, concluiu.

De acordo com Jaques Neves, a comissão vai agendar  nos próximos dias, reunião com gestores de outras regiões do Pará, com o objetivo de conhecer as ações de trabalho e as suas necessidades na área da saúde.      

Participaram do encontro virtual prefeitos e secretários de Abaetetuba, Acará, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba e Moju.