• Item
    ...
Alto Contraste

Notícia

19/02/2020 | 19h16 - Atualizada em 19/02/2020 | 19h20

CSAU vai solicitar investigação de causas de doenças em comunidades ribeirinhas

Reportagem: Pedro Paulo Blanco

Edição: Pedro Paulo Blanco

Primeiro dia de diligências da CPI que investiga a contaminação do Rio Pará terminou com reunião em AbaetetubaA Comissão Permanente de Saúde (CSAU) da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) irá exigir dos órgãos públicos de fiscalização e da própria Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) que investigue as denúncias feitas por moradores de comunidades ribeirinhas de Abaetetuba sobre os efeitos de uma possível contaminação dos rios por rejeitos despejados por mineradoras que atuam na região.

"São denúncias graves, ofuscadas pela falta de acesso dessas pessoas à mídia, órgãos públicos de fiscalização e, em último caso, de atenção pelas próprias empresas mineradoras. Vamos recorrer ao Ministério Público e à Sespa para que esses problemas sejam investigados e recebam a devida atenção, independentemente de responsabilização dos casos", anunciou o presidente da Comissão de Saúde da Alepa, deputado Jaques Neves, que também é médico.

Deputado estadual Dr. Jaques Neves (PSC), presidente da CSAU.As denúncias foram feitas durante um dia inteiro de reuniões realizadas como parte das diligências que, durante dois dias, irá percorrer os municípios de Abaetetuba e Barcarena para constatar o cumprimento das recomendações feitas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou os Danos Ambientais na Bacia Hidrográfica do Rio Pará pela mineradora Hydro.

A proposição das diligências foi da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Alepa, presidida pelo deputado estadual Carlos Bordalo (PT), que dirigiu as reuniões realizadas na comunidade Pirocaba e no Centro Pastoral da Paróquia das Ilhas, no centro de Abaetetuba.

Deputado Estadual Carlos Bordalo (PT), presidente da CDHDC."Nosso compromisso com essas pessoas é, principalmente, de dar ouvidos a todo e qualquer morador que se sinta prejudicado pela ação das mineradoras nessa região. Temos vistos desastres ambientais provocados por essa atividade em diversas partes do país. Não podemos ficar de braços cruzados", afirmou Bordalo.

Muitos dos moradores fizeram uso da palavra em tom mais alterado, dada a demora na conclusão dos inquéritos abertos sobre o assunto e da forma como a empresa teve toda a capacidade de funcionamento liberada pelos órgãos de fiscalização, mesmo depois de comprovada a contaminação das águas dos rios por metais pesados.

Conteúdo das reuniões são registrados em relatório pela Comissão de Saúde"Já não há possibilidade de uso do rio porque doenças que antes não existiam agora são frequentes entre todo mundo por aqui", denunciou Anazilda Gonçalves, da comunidade Nossa Senhora de Nazaré. De acordo com o pescador Manoel Sampaio, da comunidade Santo Afonso, no rio Xingu, "O desrespeito para com a população fica ainda mais claro quando a empresa, além de não ser punida, é liberada para funcionar como se nada tivesse acontecido".

Os moradores também relataram a resistência a mais um projeto de mineração que realiza, atualmente, estudos de viabilidade na região para a construção de uma fábrica de beneficiamento de matéria prima. "Não aceitamos e não queremos. E se preciso for, impediremos audiências públicas e demais etapas do processo de implantação 'na marra', como já fizemos em outras situações", declarou Manoel de Jesus Silva, o professor Maneca.

Comunidade de Pirocaba recebeu lideranças de 16 ilhas para a reuniãoEm fevereiro de 2018, famílias das comunidades que moram no entorno da bacia de depósitos de resíduos sólidos da refinaria Hydro Alunorte denunciaram o transbordamento de rejeitos químicos de lama vermelha. Após inquéritos, investigações e laudos técnicos tanto do Instituto Evandro Chagas (IEC) e Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) verificou-se que houve contaminação de metais pesados no meio ambiente.

Os deputados membros da CPI realizaram diligências nas comunidades e na empresa, ouviram 55 pessoas, entre autoridades, moradores de 75 comunidades do Rio Pará e concluíram um documento contendo 44 recomendações. As diligências seguem nesta quinta-feira, 20, com reuniões na ilha Trambioca, zona ribeirinha de Barcarena; e no no Centro Comunitário de Jacarequara, no centro da cidade.Moradores que utilizam os rios da região e relatam dificuldades com a pesca  também foram ouvidos nas diligências